FERRÃO,
CURRIÃO E OUVIDOS MOUCOS
Clerisvaldo
B. Chagas, 14 de abril de 2020
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
A vestimenta do
condutor é qualquer uma, assim como o seu tipo de chapéu. Todavia, das três
“ferramentas” obrigatórias, duas delas deveriam ser proibidas pelas
autoridades. As mesmas autoridades que queriam acabar com a corrida de mourão e
a vaquejada (pega de boi no mato). Facão, currião e ferrão continuam sem faltar
a qualquer condutor, iniciante ou veterano. O facão é indispensável para mil
coisas que se precisa ao carrear, porém o currião e o ferrão, são instrumentos
de torturas que jamais poderiam existir. O mau carreiro bate muito nos bois
descarregando suas frustrações de casa e da vida. Do mesmo modo ferroa os
animais até sem necessidades, quando o sangue esguicha pelo couro grosso. E os
pobres animais que não têm condições de defesa, ficam a mercê dos torturadores
que a Lei não percebe.
E como as autoridades
de cima não proíbem essa prática, deveria partir do atual prefeito do Inhapi,
que apoia a maior festa do gênero no mundo. “Só participa da festa carreiro sem
ferrão na vara de carrear e sem currião”. “Fica decretado no município de
Inhapi, a extinção do currião e do ferrão no trato com bois de carro”. E assim
a nova prática de proteção animal se espalharia pelo sertão de Alagoas e além
fronteiras. Sendo complementada a Lei por governadores nordestinos, essa
prática infame de tortura e covardia, seria extinta no Nordeste brasileiro. E
como político gosta de fama, logo o prefeito ficaria famoso pela prática do bem
e como o pioneiro na abolição desses castigos ao bicho bruto. Pressionemos em
favor dos indefesos. Cadê os vereadores de Inhapi?
*Currião (correão). Chibata de couro cru
usada para bater e torturar o boi.
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