terça-feira, 14 de abril de 2020

CANDEEIRO, PLACA, LÂMPADA: LUZ


CANDEEIRO, PLACA, LÂMPADA: LUZ
Clerisvaldo B. Chagas, 15 de abril de 2020
Escritor símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.292
PARCIAL DE SANTANA (FOTO: B. CHAGAS).

A Lei No 893 de 31 de maio de 1921, elevou a vila de Sant’Ana do Ipanema, à categoria de cidade com o nome de Santana do Ipanema. Essa lei foi sancionada pelo governador em exercício, padre Manoel Capitulino de Carvalho. Isso aconteceu na gestão municipal de Manoel dos Santos Leite. Capitulino, filho de Piaçabuçu, fora pároco e dirigente de Santana vila. Vivíamos a época dos candeeiros de flandre que eram produzidos por artesãos e artesãs de destaques na cidade. Encomendado direto ao fabricante ou comprados nas feiras semanais que vendiam aos montes, o candeeiro funcionava com pavio de algodão retorcido e gás óleo ou   querosene. Produzia muita fumaça da luz amarelada, cujo tamanho do pavio ditava a intensidade do clarão. A placa com os mesmos combustíveis era comprada nas casas comerciais. Colocada em prego na parede, sua parte de vidro precisava ser limpa da fuligem no dia seguinte.
Pouco tempo depois da elevação à cidade, Santana é contemplada com luz elétrica motriz, inaugurada em 30 de novembro de 1922, na mesma gestão do prefeito Manoel dos Santos Leite. O motor alemão que abastecia a urbe funcionou primeiro à Rua Barão do Rio Branco. Tempos depois, foi definitivamente para a Rua Nossa Senhora de Fátima com estrutura completa. Atualmente esse prédio reformado funciona como a Câmara de Vereadores. Ali havia o salão enorme onde abrigava o motor, um anexo para recebimento de contas e um corredor com grandes tanques de refrigeração. A luz dos postes da cidade e das residências funcionava até a meia-noite, anunciada com três piscadelas. A conta era paga mensalmente no próprio local particular de produção, Empresa de Luz e Força.
Dessa maneira a cidade de Santana do Ipanema, em pleno  sertão alagoano, funcionou com esse tipo de energia até a exaustão do motor, em 1959, na gestão do prefeito Hélio da Rocha Cabral de Vasconcelos. Os candeeiros, placas e “Petromax”, voltaram a funcionar a todo vapor. Virou moda as belas lanternas pessoais e manuais das marcas Evereadi e Rayovac. Após quatro anos no escuro e muita luta do povo santanense, finalmente a vitória com a luz elétrica de Paulo Afonso, em 1963, gestão estadual do Major Luiz.
Luz espiritual é o que precisa a humanidade.





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