SANTANA
E LAGOAS
Clerisvaldo
B. Chagas, 17 de abril de 2020
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
O rio São Francisco
extrapola o leito e forma inúmeras lagoas, muitas das quais se tornaram famosas
de Pão de Açúcar a Penedo. Matam a fome do povo ribeirinho com plantio de
arroz, peixes e pastagem de várzeas para bovinos e gado miúdo. Os rios
intermitentes do semiárido não produzem lagoas: nem o Ipanema, nem o Traipu,
Capiá, Desumano, Canapi, Farias, Jacaré... Quando sem corrente, apenas poços em
lugares pedregosos. Entretanto, o Sertão possui inúmeras lagoas que em grande
parte desapareceram vítimas do desmatamento, da ignorância e da apatia de
moradores que sempre delas precisaram. Elas são pequenas e quando possuem 50 m2
já são enormes. Formam-se em depressões de terrenos com bons lençóis
freáticos abastecem rebanhos domésticos, bichos selvagens e os humanos.
As lagoas sertanejas
sempre demarcaram lugares sendo denominações de sítios, porém, muitas delas
extintas deixaram apenas o nome nos históricos dos municípios. Em Santana do
Ipanema temos os sítios rurais: Lagoa do Algodão, Bonita, De Dentro, Garrote,
João Gomes, Junco, Mijo, Morais, Pedro, Redonda, Torta, Volta e outras lagoas
sem o nome do lugar. O desmatamento do entorno de muitas delas, foi o primeiro
golpe. Em seguida vieram a areia tangida pelo vento; barro, areia e cascalhos
trazidos pelas enxurradas das chuvas torrenciais. Depois, a indiferença do
homem que nunca fez limpeza alguma de assoreamento nem reflorestou pelo menos
em vinte metros às suas margens. Quem possui lagoa em suas terras, possui
riqueza traduzida em água para a família e para o rebanho, vida selvagem,
umidade, refrigério e plantio, mas onde está o “faz que te ajudarei” proposto
pela Natureza?
Pena não podermos
oferecer subsídios sobre os nossos mananciais sertanejos, uma vez que não
encontramos apoio para um trabalho extraordinário que iniciamos sobre a zona
rural. Autoridades não ajudam a produzir nem a publicar documentários sobre
interesses coletivos. A conversa é sempre a mesma: “mas, mas, mas...” Que só
não enche o saco de bajuladores.
Esta crônica foi
inspirada em relatório publicado por órgão estadual falando sobre a enorme
perda de nossos mananciais.
A propósito, a família
Chagas em Santana do Ipanema, é originária da sua fixação no sítio Pedra da
Lagoa, a cerca de 12 km do centro da cidade. Região do alto d’Ema.
?
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