SANTANA:
QUARTETO E TERCETO
Clerisvaldo
B. Chagas, 27 de abril de 2020
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
A Emancipação de
Santana do Ipanema, lembrada na semana passada, faz repensar sua arquitetura no
Bairro Monumento e Centro Comercial da cidade. O quarteto arquitetônico do
Bairro Monumento, parece amplamente assegurado na paisagem urbana de Santana. O
casarão construído para ser hospital que virou quartel e depois escola,
continua em plena atividade escolar sempre conservado. O antigo Grupo Escolar
Padre Francisco Correia, também continua na ativa com recente reforma em suas
dependências. O edifício primeiro do quarteto, a igrejinha/monumento que deu
nome ao bairro, sempre conservou o seu patrimônio interno e externo. E o prédio
do Tênis Club Santanense, apesar da crise do divertimento em casa, prorroga sua
existência em mãos de pessoas abnegadas. Avaliamos como pontos seguros no
histórico do século passado.
Mas como anda o terceto
arquitetônico do Centro Comercial? Os três imponentes edifícios erguidos pelo
coronel Manoel Rodrigues da Rocha na época de vila? Como está o Casarão de
Esquina de primeiro andar vizinho à Matriz de Senhora Santana? E o casarão
do deus mercúrio, primeira moradia do coronel? E o casarão morada definitiva
de Manoel Rodrigues? Todos fechados cada um com seus problemas particulares.
Entretanto a preocupação com a História não é por que eles estão fechados ou
abertos, mas pelo problema da deterioração que não perdoa casas fechadas. O
casarão de esquina foi uma espécie de “Shopping” da época, espaço enorme
transformado em vários compartimentos para aluguel. Sua parte inferior continua
abrigando uma dezena de lojas. E a superior?
A casa grande do deus
mercúrio (tem estátua do deus mercúrio no seu frontispício, importada da
França) já foi biblioteca pública em sua parte de primeiro andar. E a casa
famosa onde morou o coronel (vai de uma rua a outra) já hospedou pessoas
ilustres como o coronel Delmiro Gouveia e vários governadores do estado. Não
sabemos se existe algum plano de conservação de parte da prefeitura local, uma
vez que os prédios pertencem a particulares.
Esperamos apenas que o
terceto arquitetônico do Comércio não siga o mesmo destino do casarão do padre
Bulhões na foz do riacho Camoxinga.
Os edifícios simbolizam
a nossa luta de vila em busca do progresso trabalhoso do sertão. Foi essa luta
que a transformou em Rainha. Não percamos a coroa.
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