terça-feira, 7 de abril de 2020

O INVERNO DOS PROFETAS


O INVERNO DOS PROFETAS
Clerisvaldo B. Chagas,8 de abril de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.289

BARRAGEM CONFIRMA OS PROFETAS (F.OTO: ÂNGELO RODRIGUES).

Com êxito total ainda repercute o encontro anual do Profetas das Chuvas em Santana do Ipanema, sertão de Alagoas. Todos os sertanejos experientes que se apresentaram no evento, confirmaram o que a Ciência vinha pregando sobre um ano bem chovido e um inverno profícuo para a Agricultura e a Pecuária do semiárido. Baseados nas observações da Natureza, os profetas acumulam conhecimento durante décadas e décadas. A Ciência até erra às vezes, mas os Profetas das Chuvas continuam firmes com seus olhares sobre a fauna, a flora, o tempo e os sinais do céu na barra, nas estrelas, no Sol, na Lua e em outros segredos transmitidos pelos     ancestrais. E esse mundo mágico do homem rural dedicado a inquirir
O ambiente, até agora tem sido verdadeiro.
As chuvas que antecedem o inverno de Sergipe, Pernambuco e Alagoas, com o nome trovoadas, vêm surpreendendo pela intensidade e volume. Não ficou um só rio, um só riachinho que não extrapolasse suas enchentes, aguardadas há anos seguidos de seca braba. E o espanta-boiada canta sobrevoando as lagoas; o bem-te-vi não para o bico; sapinhos formam exércitos e marcham dos rios pelas ruas mais próximas das cidades. O inverno para nós tem início em maio, mas muitos agricultores já seguiram conselho dos antigos: “é chover é plantar”. Dessa vez o acauã não cantou; as formigas fugiram dos riachos secos; o mandacaru florou bonito e o rio Ipanema botou cheias e mais cheias torando o São Francisco pelo meio. O sertão queimado ficou verde, belo e espetacular com seus matizes.
São as chuvas que alimentam os rios. São os rios que alimentam a terra e o mar. Os detritos das correntes engordam o peixe que mata a fome do ribeirinho. E os campos ficam dourados entre o sol e a chuva, nasce o grão, chega à espiga, boneca verde de cabelos ouro. Nos terreiros das fazendas, canta-se o “mineiro-pau” na batida do cacete no feijão de arranca. O galo assanha o desejo correndo de asas abertas atrás das frangas. Até mesmo a raposa faz festa em rondas curtas pelos galinheiros. Produtos no mercado, dinheiro no bolso, barriga cheia... Viva Sertão paraíso do mundo.
Com certeza os Profetas das Chuvas estão em alerta.
Com certeza Deus está no comando.
“E nada como um dia atrás do outro e uma noite no meio”.



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