quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

 


FOGO NO SERROTE

Clerisvaldo B. Chagas, 31 de dezembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.442

 

No primeiro quarto do século XX, um dos montes que circundam Santana do Ipanema, chamava-se serrote do Gonçalinho. O motivo, nenhum escritor antigo falou sobre isso. É de se pensar em um morador por ali chamado Gonçalinho.  No segundo quarto do século XX, foi colocado quase no topo do monte, uma estátua grosseira do Cristo com braços abertos. Quem teria colocado aquele Cristo? Também não se tem registro. Falam que teria sido ação do interventor municipal do início dos anos 30, Frederico Rocha. Aliás, no túmulo da família Rocha no Cemitério Santa Sofia, tem um cristo semelhante que chama atenção de quem o visita. Parece de metal, mas a semelhança com o Cristo do serrote, parece ter sido construído pelo mesmo artesão.

Alguns dizem que o interventor não era católico e rejeitam a autoria da implantação por ele. Entretanto, sua família era muita religiosa e talvez seus pedidos, tenham feito com que o interventor tivesse colocado a estátua no monte. A partir daí, o povo esqueceu Gonçalinho e passou a denominar o acidente geográfico de serrote do Cristo. No último quarto do século XX, foi instalada uma torre para ajudar nas comunicações. A população deixou de lado o Cristo e passou a identificar o acidente como serra da micro-ondas, denominação essa que perdura até os presentes dias. Novas gerações vão chegando e, se houver ali outra novidade, naturalmente nova denominação será dada.

Recentemente uma das várias torres ali instaladas, após a primeira, citada acima, pegou fogo. Pegou fogo e assustou os moradores do novo bairro formado no sopé do serrote, o Santo Antônio. O fogo foi dominado

e restabelecida em algumas partes da Santana, a comunicação com celulares. Suspeita-se de vandalismo e o caso estar sendo investigado. Mas, pelo menos serviu para chamar atenção dos santanenses que andavam esquecidos dos seus patrimônios naturais.

SERROTE DO CRISTO (FOTO: ÂNGELO RODRIGUES).

       FELIZ ANO NOVO!!!

 

 


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terça-feira, 29 de dezembro de 2020

 

UMA AVENTURA DE AMOR

Clerisvaldo B. Chagas, 30 de dezembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.441





A família Gonzaga dominou Santana do Ipanema no início do Século XX. Mandou na política local até, aproximadamente, 1915, quando apoiou o padre Manoel Capitulino para a municipalidade. Capitulino tinha uma irmã casada com um membro daquela família originária do pé da serra da Camonga, à cerca de 3 quilômetros do Centro da cidade. O padre, que se dedicava mais à política do que a igreja, chegou a ser governador em exercício e foi quem elevou a vila à cidade em 1921. Pois bem, segundo o saudoso comerciante Evilásio Brito, que possuía na cabeça muitas histórias acumuladas, um dos membros da família Gonzaga proporcionou um episódio, digno de folheto de cordel.

Chegando à cidade baiana de Curaçá, apaixonou-se por uma mulher e por ela foi correspondido. Resolveu pedir a amada em casamento, mas o pai, homem ignorante da época e rodeado de capangas, disse para o Gonzaga: “Essa mulher não serve para casar”, dando a entender que ela não era mais virgem. Gonzaga, então se fez de despachado e combinou com a amada uma fugida para Alagoas. Marcaram o dia e a hora. Gonzaga retornou ao seu pé de serra.  No dia aprazado, Gonzaga voltou à Bahia. Atravessou o São Francisco e combinou com o canoeiro, uma espera às margens do rio para a travessia do casal.  Adiante encontrou nos pastos de uma fazenda, vários cavalos pastando. A chuva caía naquela hora e os animais viraram-se contra a chuva, com apenas a exceção de um deles.

Gonzaga foi ao criador e falou em comprar um dos cavalos. O homem aceitou vender e no campo mostrou os melhores.  Gonzaga, então, disse: “Só me serve aquele” e apontou para o animal que enfrentara a chuva com a cara. Acertou as contas e seguiu viagem. Roubou a sua paixão levando-a na garupa do potro até encontrar o rio São Francisco. A capangada seguia seu rastro sob as ordens do coronel, pai da mulher. Na beira do rio, o canoeiro não estava no ponto combinado. “E agora?” indagou seu amor. “Agora é nadar”. Ajeitou os arreios e penetrou na água fazendo o animal nadar e vadeou o rio sem problema algum. Em Alagoas, marchou para o seu refúgio no sopé da serra da Camonga.

A capangada refugou no São Francisco e não se soube depois de nenhuma outra perseguição.

A história é ou não é parecida com folheto de cordel?

SERRA DA CAMONGA, REFÚGIO DOS GOZAGA (FOTO: B, CHAGAS).

 


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