UMA AVENTURA DE AMOR
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de dezembro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.441
A
família Gonzaga dominou Santana do Ipanema no início do Século XX. Mandou na
política local até, aproximadamente, 1915, quando apoiou o padre Manoel
Capitulino para a municipalidade. Capitulino tinha uma irmã casada com um
membro daquela família originária do pé da serra da Camonga, à cerca de 3
quilômetros do Centro da cidade. O padre, que se dedicava mais à política do
que a igreja, chegou a ser governador em exercício e foi quem elevou a vila à
cidade em 1921. Pois bem, segundo o saudoso comerciante Evilásio Brito, que
possuía na cabeça muitas histórias acumuladas, um dos membros da família
Gonzaga proporcionou um episódio, digno de folheto de cordel.
Chegando
à cidade baiana de Curaçá, apaixonou-se por uma mulher e por ela foi
correspondido. Resolveu pedir a amada em casamento, mas o pai, homem ignorante
da época e rodeado de capangas, disse para o Gonzaga: “Essa mulher não serve
para casar”, dando a entender que ela não era mais virgem. Gonzaga, então se
fez de despachado e combinou com a amada uma fugida para Alagoas. Marcaram o
dia e a hora. Gonzaga retornou ao seu pé de serra. No dia aprazado, Gonzaga voltou à Bahia.
Atravessou o São Francisco e combinou com o canoeiro, uma espera às margens do
rio para a travessia do casal. Adiante
encontrou nos pastos de uma fazenda, vários cavalos pastando. A chuva caía
naquela hora e os animais viraram-se contra a chuva, com apenas a exceção de um
deles.
Gonzaga
foi ao criador e falou em comprar um dos cavalos. O homem aceitou vender e no
campo mostrou os melhores. Gonzaga,
então, disse: “Só me serve aquele” e apontou para o animal que enfrentara a
chuva com a cara. Acertou as contas e seguiu viagem. Roubou a sua paixão
levando-a na garupa do potro até encontrar o rio São Francisco. A capangada
seguia seu rastro sob as ordens do coronel, pai da mulher. Na beira do rio, o
canoeiro não estava no ponto combinado. “E agora?” indagou seu amor. “Agora é
nadar”. Ajeitou os arreios e penetrou na água fazendo o animal nadar e vadeou o
rio sem problema algum. Em Alagoas, marchou para o seu refúgio no sopé da serra
da Camonga.
A
capangada refugou no São Francisco e não se soube depois de nenhuma outra
perseguição.
A
história é ou não é parecida com folheto de cordel?
SERRA
DA CAMONGA, REFÚGIO DOS GOZAGA (FOTO: B, CHAGAS).
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