LAMPIÃO:
O INGRATO NA MATA GRANDE
Clerisvaldo
B. Chagas, 17/18 de dezembro de 2020
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.437
Quando
a família Ferreira veio para Alagoas, 1918, chegava aliviada das ações dos seus
inimigos na região de Pernambuco, em que viviam. O próprio Virgolino Ferreira
teve a chance de viver honestamente como empregado do coronel Juca, na Mata
Grande. Mas, devido ao seu próprio instinto, resolveu fazer parte do bando de
Antônio Maltilde e criar asas no bando dos Porcino. Seu espírito guerreiro não
o deixou viver totalmente com o suor do rosto. Fez incursões armadas em seu
estado e foi vivendo entre o certo e o errado no lugar que o acolheu,
oferecendo oportunidade de viver do trabalho e longe dos rifles adversários do
Pernambuco. Vivendo em Água Branca e Mata Grande, região serrana do estado,
perdeu a oportunidade de paz porque bem quis.
Já
famoso em 1925, achou que podia tudo. Tanto é que após a visita que fez ao
cemitério do arruado Santa Cruz do Deserto para visitar os túmulos dos pais,
resolveu dar uma festa na fazenda Tanque do seu velho camarada José Crispim.
Pressionado pelos irmãos Antônio e Levino para que o bando assaltasse Mata
Grande, respondeu fraco que não podia por dever favores àquela gente. Quer
dizer, ele mesmo reconheceu que não podia ser ingrato com os que o acolheram na
adversidade. Mesmo assim resolveu atacar Mata Grande. Os fanáticos dirão que
ele foi obrigado pelos irmãos, mas o chefe era ele, a força de se impor era a
sua, portanto, a responsabilidade total foi dele, sim. Cedendo mais à ambição
do saque e menos à vaidade do poder da força, teve a desculpa do pressionamento
da irmandade.
Arrogante
e azougado partiu para o ataque após receber como resposta do comércio mata-grandense
ao seu bilhete, um desafio de macho: “Olha, aqui, vá dizer àquele moleque que o
receberei à bala”. Como pensava que não haveria resistência, o bandido Lampião
tentou invadir à cidade, mas as balas prometidas não deixaram o bando ir além
das Rua Nova e Repitete. Lampião “botou o rabinho entre às pernas, bateu em
retirada e foi se refugiar na fazenda Serrote Preto. É certo que ali atuou com
êxito, mas isso foge ao foco da cidade Mata Grande. Sua ingratidão, truculência
e ambição, não o impediram de comer bala.
Só
muito depois, Mossoró repetia o feito da Mata Grande.
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