terça-feira, 15 de dezembro de 2020

 

A PRACINHA DO AMOR

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de dezembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.436

Para a sensibilidade sertaneja



Em Santana do Ipanema, quem passa pela comprida Rua Joel Marques, na parte baixa do Bairro Floresta, encontra uma história digna dos contos de fada. Tudo começou quando a Garota Emília, com apenas 8 anos, ficou órfã e foi morar com sua tia, Dona Maria José Lírio, à rua citada acima. Passaram a viver somente as duas naquela casa, cujos fundo dá para o riacho Salgadinho. Ali, Emília conheceu o vizinho Seu Manoel e se dava muito bem com ele. Seu Manoel plantou uma árvore no lado oposto da rua e depois plantou mais outra árvore. Quando os vegetais cresceram, Emília e outras crianças do lugar passaram a brincar na sombra das duas árvores, com suas coleguinhas: Cicinha, Jaça, Maninha, Ciel, Julinha... Sempre vista de perto por Seu Manoel e Dona Maria José. Certa feita passou uma retroescavadeira da prefeitura raspando os barrancos e o manobrista quis derrubar as duas árvores. As crianças reunidas pediram por tudo que não derrubasse as duas árvores. O homem terminou cedendo e foi embora. Ficaram algumas pedras na rua que as crianças e Seu Manoel levaram-nas até as árvores para servirem de assentos.

 As crianças foram crescendo e arranjando namorados ali mesmo sob aquela sombra. O motorista conhecido como Adeildo Transportes, doou a poltrona da sua van para servir de banco na pracinha. Seu Manoel e Emília batizaram a pracinha como “Pracinha do Amor”. Esse nome ficou escrito em uma das pedras, juntamente como os nomes das outras crianças que após os namoros, vieram os casamentos e todas são felizes com seus respectivos maridos.

O tempo passou e a rapaziada da rua, começou a brincar na praça com música e uma bebidinha que nunca perturbou a ninguém.

Atualmente, nos conta Dona Maria José Lírio que também é zeladora da Igrejinha das Tocaias, a pracinha está servindo para os idosos que passam por ali para a feira, para os sítios... Para o posto de Saúde. Param sob as árvores, descansam da caminhada e sempre encontram no lugar uma garrafa térmica com água fria, colocada na pracinha, diariamente, por mãos abençoadas, para aliviar os seus ais de transeuntes e da idade.

Essa história bateu forte no meu peito e desejei conhecer todas aquelas crianças que hoje são felizes donas de casa e também a Seu Manoel que ficou cego e voltou a enxergar após tratamento.

O bairro Floresta em Santana do Ipanema, balançou meu coração com a história quase irreal da Pracinha do Amor. Deus derrame bênçãos e mais bênçãos nesses personagens de ouro da minha terra.

PRACINHA DO AMOR (CRÉDITO: MARIA JOSÉ LÍRIO).

 

 

 


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