segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

 

A MACONHA FURA O TEMPO

Clerisvaldo B. Chagas, 8 de dezembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.430

 









Muitos sites noticiosos estão saturados de bobagens policiais. Falamos sobre a importância das grandes ou médias notícias que desapareceram e foram substituídas pelo ‘baixo clero”: “polícia prende homem com trouxinha de maconha”; “cidadão é flagrado fumando maconha” ... Essas notícias que só servem para encher linguiça, nos faz relembrar a década 1960 no Sertão de Alagoas. Maconha era mesmo um caso sério, perseguida com veemência ou para mostrar serviço ou pelos rigores da Lei.

Os jornais noticiavam as grandes perseguições à erva e a agitação entre polícia estadual, POLINTER e os maconheiros sertanejos. As batidas policiais quando aconteciam no sertão não deixavam de acontecer em alguns lugares específico: No município de Santana do Ipanema, com os povoados Quixabeira Amargosa (hoje São Félix) e Pedra d’Água dos Alexandre, divisa entre Santana e Poço das Trincheiras e na grotas da serra da Caiçara no município de Maravilha.

Certa feita, a polícia convidou o povo santanense para conhecer a maconha na delegacia do Aterro (hoje Rua Pancrácio Rocha, trecho urbano da BR-316). E como tudo era escândalo social, a população foi mesmo visitar a delegacia. Pessoas consideradas de bem, haviam sido presas, no pátio da delegacia e dentro do prédio, sacos e mais sacos abertos, exibiam a maconha seca já no ponto de fazer o cigarro. No pátio também, montes e montes de pés de maconha arrancados dos plantios preparavam-se para a incineração, ali mesmo diante de todos, sob câmeras fotográficas para os grandes jornais do estado.

Muitos presos foram levados para a capital e vário foram torturados, inclusive, dizem, com madeira no ânus. Vez em quando saíam as notícias de que a POLINTER faria uma nova operação maconha no sertão das Alagoas. Mesmo com os grandes espetáculos policiais e jornalísticos, seus remanescentes maconheiros continuam, no vício do cigarrinho que no rio de Janeiro tem nome de “baseado”.

Devido a sua proliferação no Brasil e no mundo, dificilmente a denominada erva-maldita deixará de existir. Sua liberação e extratos vendidos em farmácia como remédio, atestam a poder e a força da maconha que continua FURANDO O TEMPO.

(Foto: Pixabay).

 

 


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