quarta-feira, 21 de abril de 2021

 

REMANSO

Clerisvaldo B. Chagas, 22 de abril de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.517

ONTEM, 21 DE ABRIL FOI O DIA DO RIO IPANEMA



 

Em tempos de cheias no rio Ipanema, o ponto predileto do banho era no Poço dos Homens, dividido em Estreitinho, Largo Fundo e Largo Raso. O Estreitinho era uma pequena garganta pedregosa no início do poço. Recebia as águas que por ali entravam. Era mais escondido e tinha a preferência de muitos banhistas e pescadores de anzol. O Largo Fundo, logo abaixo do Estreitinho, era aberto e mais exposto, tinha a preferência de vários banhistas e tarrafeiros. O Largo raso, vizinho e na parte de baixo, era mais usado pelas crianças e por aqueles que aprendiam a nadar. Assegurava pesca de litro para piabas.

Quanto ao movimento das águas, nós o dividíamos em Correnteza, Carneiros, Fervedouros, Panelas e Remansos.

Correnteza, o corpo mais forte das águas. Carneiro, corcovas sucessivas formadas na correnteza. Panela, forte redemoinho que funcionava como sugadouro, ao lado dos Carneiros. Fervedouro, Formação ao lado dos Carneiros com aspectos de água fervente no fogo. Remanso, retorno manso das águas nas laterais mais distantes da correnteza. Quase todos os santanenses tomavam banho no poço, até o, então, futuro governador Geraldo Bulhões. Houve muitas passagens engraçadas que foram narradas em nosso livro:” Ipanema um Rio Macho.” Bem que o Poço dos Homens merecia uma estátua de banhista anônimo nas pedras do Estreitinho. Uma bela estátua iluminada que desafiasse as cheias. Todos tinham medo das panelas, cujo redemoinho aquático podia levar o banhista ao fundo. O fervedouro paralisava os movimentos do banhista podendo levá-lo ao afogamento.

Felizmente sua memória está no livro citado acima, resgate único da maior fonte de lazer do santanense, antes da Ponte General Batista Tubino. ONTEM, 21 DE ABRIL FOI O DIA DO RIO IPANEMA.

RIO IPANEMA, SERENO (FOTO OBRA DE ARTE: JEANE CHAGAS)

 

 


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terça-feira, 20 de abril de 2021

 

AINDA OS CASARÕES SANTANENSES

Clerisvaldo B. Chagas, 21 de abril de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.516



 

Tudo leva à década de 20 do século passado, a construção do enorme prédio do governo estadual no Bairro São Pedro.  Ficou conhecido pelo povo como o prédio do Fomento Agrícola.  Foi a época em que o governo resolveu apostar tudo na agricultura sertaneja, sendo designado para a missão o agrônomo Otávio Cabral que fundou o Sítio Sementeira para experimentos agrícolas e chegou a ser dirigente de Santana do Ipanema. Foi construído ainda o prédio em forma de sobrado chamado Perfuratriz, onde hoje funciona a Associação da Rua da Praia. O prédio da Perfuratriz (belo edifício) foi marco da cheia do Ipanema de 1941, a mais famosa da história. Esse foi demolido. O casarão do Fomento foi sendo desgastado pelo tempo até chegar a sua vez de desaparecer. Abrigava o primeiro tanque para corpo de bombeiros de Alagoas, diziam, ferrugem o devorou e, o prédio sem socorro, deixou de existir.

O casarão era como um senhor respeitável que atraía prestígio para o bairro São Pedro. Era muito imponente virado para a Rua São Paulo, início da antiga rodagem para Olho d’Água das Flores. Pertinho dali, no final da Rua Antônio Tavares, um segundo casarão havia, cheio de janelões e quintal chegando até a rua de baixo, na época chamada Rua de Zé Quirino. (Fora ele quem a iniciara). O casarão visto pela lateral de onde se avistava a metade dos seus janelões de madeira era realmente impressionante. O casarão era em preto, isto é, só tijolo e barro sem reboco. Ali funcionava a fábrica de colchões de junco do Sr. Júlio, vulgo Júlio Pezunho, por ter um dedinho a mais na mão, atrofiado.

Santana era a terra de casarões e sobrados que marcavam o tempo faustoso da época de vila. Construir casas enormes e sobrados demonstravam prestígio para os respectivos donos. A marcha inexorável do tempo, foi acabando com a moda que foi sendo esquecida na Santana moderna.

Raras fotografias vão contando uma história sem texto da Arquitetura dos ricos.

FOMENTO AGRÍCOLA EM RUÍNAS, 2013. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230)


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