AINDA
OS CASARÕES SANTANENSES
Clerisvaldo
B. Chagas, 21 de abril de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.516
Tudo leva à década de
20 do século passado, a construção do enorme prédio do governo estadual no
Bairro São Pedro. Ficou conhecido pelo
povo como o prédio do Fomento Agrícola. Foi
a época em que o governo resolveu apostar tudo na agricultura sertaneja, sendo
designado para a missão o agrônomo Otávio Cabral que fundou o Sítio Sementeira
para experimentos agrícolas e chegou a ser dirigente de Santana do Ipanema. Foi
construído ainda o prédio em forma de sobrado chamado Perfuratriz, onde hoje
funciona a Associação da Rua da Praia. O prédio da Perfuratriz (belo edifício)
foi marco da cheia do Ipanema de 1941, a mais famosa da história. Esse foi
demolido. O casarão do Fomento foi sendo desgastado pelo tempo até chegar a sua
vez de desaparecer. Abrigava o primeiro tanque para corpo de bombeiros de
Alagoas, diziam, ferrugem o devorou e, o prédio sem socorro, deixou de existir.
O casarão era como um
senhor respeitável que atraía prestígio para o bairro São Pedro. Era muito imponente
virado para a Rua São Paulo, início da antiga rodagem para Olho d’Água das
Flores. Pertinho dali, no final da Rua Antônio Tavares, um segundo casarão
havia, cheio de janelões e quintal chegando até a rua de baixo, na época
chamada Rua de Zé Quirino. (Fora ele quem a iniciara). O casarão visto pela
lateral de onde se avistava a metade dos seus janelões de madeira era realmente
impressionante. O casarão era em preto, isto é, só tijolo e barro sem reboco.
Ali funcionava a fábrica de colchões de junco do Sr. Júlio, vulgo Júlio Pezunho,
por ter um dedinho a mais na mão, atrofiado.
Santana era a terra de
casarões e sobrados que marcavam o tempo faustoso da época de vila. Construir
casas enormes e sobrados demonstravam prestígio para os respectivos donos. A
marcha inexorável do tempo, foi acabando com a moda que foi sendo esquecida na
Santana moderna.
Raras fotografias vão
contando uma história sem texto da Arquitetura dos ricos.
FOMENTO AGRÍCOLA EM
RUÍNAS, 2013. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230)
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