CHEGANDO
O PAI VELHO
Clerisvaldo
B. Chagas, 16 de abril de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.51
Rio Ipanema, primeira
grande estrada de penetração para os desbravadores do estado do Norte que
subiam pela sua foz no lugar Barra do Ipanema, até suas cabeceiras na serra do
Ororubá, em Pernambuco. Rio percorrido também em Alagoas pelos índios Carnijós
ou Fulni-ôs com sede em Água Belas. Rio em que foi descoberto ouro na sua parte
inferior, no antigo tempo das penetrações. Rio que deu lugar aos canoeiros do
Ipanema em época de pontes inexistentes.
O rio penetra em
Alagoas pelo município de Poço das Trincheiras, banha aquela cidade de
fronteira, desce para Santana após banhar o povoado Tapera do Jorge. Arrebanha
vários afluentes importantes naquele município e chega à Santana pelo Norte e
outrora periferia, hoje urbanizada do Bairro Barragem.
Quando o Ipanema está
seco é um jardim. Variados tipos de vegetais nascem na areia grossa e salgada,
nas frestas das pedras quebradas com gramíneas, arvores, arbustos e arvoretas.
Mas nem sempre esse jardim é respeitado pela população que ali deposita seus
lixos doméstico e comerciais, despeja direto de fossas e todos objetos
descartados em casa. Mas isso é antigo na história do rio. Quando a chamada
Cadeia Velha funcionava na Rua Nilo Peçanha, os presos eram obrigados a jogarem
as fezes recolhidas em cubas, no rio Ipanema. Conta-se que o soldado Fonfon era
bom atirador e ficava vigiando dos fundos da Cadeia os presos que desciam para
o rio. Um deles tentou fugir, porém, Fonfon atirou de fuzil de uma distância
enorme e o fugitivo foi baleado nas areias do rio.
Rio meu, rio seu, rio
nosso.
ÁGUA CHEGANDO MANSA EM
TRECHO DO RIO IPANEMA. (FOTO: ACERVO B. CHAGAS).
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