terça-feira, 6 de abril de 2021

 

TOCAIAS: O ECO DO PASSADO

Clerisvaldo B. Chagas, 7 de abril de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:2.506


 

Havia na região santanense de Bebedouro/Maniçoba, uma família de artesãos em madeira. Ela trabalhava com réplicas das partes do corpo humano para pessoas católicas que precisavam pagar dívidas. As peças que mais víamos eram: cabeça, mãos e pés, denominadas ex-votos. Eu identificava todos os membros da família, mas havia um galego que parecia que as cabeças de pau, eram baseadas na sua própria figura. Peças rústicas, feias, mas com certeza bem recebidas pelos donos das encomendas. Não sei dizer se aquela era a única família que confeccionava ex-votos, em Santana. Ao visitar certa feita a Igrejinha das Tocaias, nos confins do Bairro Floresta, vi uma verdadeira montanha de peças deixadas pelos devotos e juntadas ao pé da cruz do pátio. Como era grande a fé dos que faziam promessas na Igrejinha das Tocaias, com o santo estrangeiro Seu Manoel da Paciência que representava Jesus!

Quem vê o cantor e milionário Amado Batista, com todo respeito, vê a cópia das cabeças feitas pelos artesãos da Maniçoba. Sem ter onde colocar tantas peças, zeladores da Igrejinha tiveram que se desfazer de muitas e guardar um pouco das mais conservadas. Estou falando isso porque iremos fazer um movimento entre escritores e sociedade para darmos a assistência devida à igrejinha que precisa de reforma e muito mais. Há um ano estive procurando um artesão em madeira e ninguém soube informar de nenhum. Acho que artífice para essa finalidade de seguidores católicos, não existe mais no município santanense.

Não sei se o assunto interessa ao amigo e amiga, mas é fremente que resgatemos e conservemos a Igrejinha das Tocaias, cuja história já foi contada em cordel, por nós. Único resgate desta saga desconhecida pelo nosso povo. Uma vez revelada sua história, falta agora restaurá-la e até propor um tombamento uma vez que o humilde templo não pertence a ninguém. Quanto aos que gostam de fazer promessa, sobre membros do corpo, estamos sem artistas, pelo menos na cidade, restando recorrer a artesãos em outros tipos de material como gesso, por exemplo.

A propósito, nosso singelo subúrbio Maniçoba/Bebedouro, sempre foi rico no artesanato em couro de bode, em palha Ouricuri e em madeira e renda.

Seria bom um levantamento pela municipalidade para registro e benefício dos artesãos e artesãs remanescentes.

IGREJINHA DAS TOCAIAS (FOTO: B. CHAGAS).

 

 


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