terça-feira, 6 de julho de 2021

 

NOSTALGIA

Clerisvaldo B. Chagas, 6 de julho de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.569



 

Além da frieza do mês de julho, a pandemia vai deixando tudo diferente em algumas ruas. Enquanto na Pedro Brandão, o trânsito virou uma loucura, a nossa Rua José Soares Campos, parece nem existir no mapa do mundo, ou existir sozinha, tal a sua quietude. Madrugada ainda, pássaros cortam os ares fazendo alarido, a exemplos de espanta-boiadas e marrecas. Vão em busca de açudes, lagoas e riachos louvando a escuridão que precede o amanhecer. As quatro e quinze, ainda no escuro, as lideranças dos pardais vão acordando seus companheiros num chilrear compassado e irritante. As luzes diurnas ainda não saíram quando se ouve o canto da rolinha branca. Nem sabemos se a ave é de cativeiro! Mas esse canto mais saudoso que se conhece chama a atenção.

Uuuu.Uuuu... Arrulha a rola branca em algum lugar dos arredores. Ainda não apareceu por aqui, a rolinha fogo-pagou, a rolinha azul e caldo de feijão. Mas a rolinha branca estará na fiação da rua mais tarde, visitando as pedras do calçamento. E quando a luz diurna chega à rua, trata de dissipar a neblina que botam os gatos para correr. Fon-fon-fon, a buzina do pãozeiro vai cortando a manhã. Sim, ainda temos pãozeiro itinerante, vida inteligente tentando assegurar o café. As sete e meia passa o que virou tradição de um ano para cá, o carro do ovo, gritando 30 ovos por 15 reais e, às oito e meia, buzina a moto do leiteiro com o som estridente de Mercedes Benz. Após a obrigação cotidiana da rua, tudo vira silêncio e raro ruído se ouve como o longínquo martelar em alguma coisa.

É a rua do Posto São José, cujo movimento acontece dentro da unidade, talvez pela frieza do tempo complicado com a COVIDID. Passa das dez horas e, ao se abrir o portão, nem um pé de pessoa na via, nem um sapo na sarjeta, nem um gato no calçamento, nas árvores, nas portas. O parecer por essas bandas, é um convite às orações de que tem fé, para tentar uma melhoria no mundo. Às vezes, nem sempre, um nosso amigo professor e cantor ensaia em casa deixando as melodias engancharem-se nas árvores da rua. Isso faz a Natureza caprichar mais ainda no saudosismo que não perde tempo.

Melancolia!

Fim de mundo, gente!

RUA JOSÉ SOARES CAMPOS (FOTO B. CHAGAS).


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domingo, 4 de julho de 2021

 

O QUE É UMA OBRA DE ARTE?

Clerisvaldo B. Chagas, 5 de julho de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.568

 

A Rua Antônio Tavares, em Santana do Ipanema, sendo a primeira rua após o quadro comercial da cidade, já passou por várias fazes e transformações. E quando se falava que a terra de Senhora Santana poderia chegar às dimensões de Garanhuns e de uma Campina Grande, dava até para se duvidar. Mas o então, prefeito, Joel Marques, afirmava isso naquele tempo. Campina progrediu muito, mas chegar a Garanhuns pode ser possível em inúmeros aspectos. Estamos falando da Educação, da Economia, da Saúde e mesmo do estiramento urbano. Mas aqui, acolá, podemos imitar a sua Natureza, nem que seja por um certo período. Estamos rodeando para chegar à obra-de-arte, proporcionada pela sensibilidade de Jeane Chagas, que mais uma vez nos envia uma foto da Rua Antônio Tavares em plena neblina.

Qual é o pintor que você conhece capaz de pintar um quadro em tela com todo o esplendor como este acima? Obra-de-arte é aquela que me seduz. Por mais que os “revolucionários” botem um pedaço de lata na praça e queiram convencer que aquilo é arte, ficamos com pena dele e passamos ao largo. Pois Santana do Ipanema virou Garanhuns, com a neblina que chegou à Rua Antônio Tavares. Claro que chegou também em outras vias, mas o registro partiu dali. E se houvesse um prêmio fotográfico?

As pessoas estão assim tão preocupadas com as coisas mais superficiais da vida e deixam escaparem aa belezas na simplicidade cotidiana. Hoje em dia, todos podem registrar uma cena diária que de repente entra para a história daquela comunidade. Apenas um celular com boa resolução, pode ajudar para uma obra-de-arte, mas também para um elo histórico que aquela pessoa teve o privilégio de registrar e que vai refletir, repercutir, ser lembrado, muitos e muitos anos à frente. Temos como exemplos fotos antigas que publicamos representando Santana. Reproduzimos desde as fotos dos anos 40 em diante, inclusive fotografia de 1787, 1900, 1915 e 1920/30.

Como é bom amar a terra em que a gente nasceu.

É até um grande tributo ao nosso Criador.

Bom mesmo é fazer dos nossos corações verdadeiras obras naturais de artes.

RUA ANTONIO TAVARES EM JULHO DE 2021 (JEANE CHAGAS).

 

 


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