quarta-feira, 1 de junho de 2022

 

SENHORAS E SENHORES!

Clerisvaldo B. Chagas, 2 de junho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.710



 

O Sertão alagoano sempre foi promissor para as recepções aos circos de todas as qualidades. O povo santanense, entretanto, tinha uma empatia gigante pelos circos de qualidade superior e os famosos eram três ou quatro que ficaram para sempre na memória dos frequentadores.  Mesmo ficando na memória, aqui, acolá ela dá um branco. Tinha um circo de nome “J. Mariano”, se não estamos enganados, que era a preferência da cidade. Tinha outro ou era esse mesmo cujo donos eram anões e fazia grande sucesso em Santana. Gostávamos muito quando o circo era de primeira e possuía duas partes: a do espetáculo e da dramaturgia. Nesta, era uma comoção geral e muito chororô.

Era o palhaço, a rumbeira, o mágico, o equilibrista, o globo da morte, cantores e atores espetaculares nas apresentações dramáticas. “A louca do Jardim” era uma peça sempre em evidência. Teve até gente da nossa sociedade que fugiu com a rumbeira.

Mas quero homenagear os meus ex-colegas ginasianos Omir Silva e Sebastião das Queimadas. Enquanto minha pessoa era apenas estudante, Omir e Sebastião já eram funcionários do Banco do Estado de Alagoas – PRODUBAN. Omir gostava muito de cantar, admirava a voz de Agnaldo Rayol e sempre cantava “Você fez Coisa”. Sebastião tocava trompete se não estamos enganados e Omir outro instrumento que não vem agora.

Mas era um orgulho para mim, vê dois colegas de classe sendo contratados para atuarem nos acompanhamentos musicais dos circos. Nunca fizeram feio e se tornaram um motivo a mais para frequentarmos as agradabilíssimas noites circenses. Estavam ali com o Mágico Faruk, com a rumbeira, com o palhaço e com a nossa torcida que refletia nas palmas das mãos em calorosos aplausos, os queridos colegas em noites coruscantes. Não eram profissionais mas se saíam muito bem nas oportunidades.

Omir, atualmente navega em águas maceioenses e Sebastião retornou por opção ao sítio rural santanense, Queimadas do Rio, suas origens.

Mais de cinquenta anos depois, como gostaria de ouvir novamente Omir Silva cantando “Você fez Coisa”!

Sim, lá no sítio de Sebastião com seu trompete.

CIRCO (CRÉDITO: A HISTÓRIA DOS CIRCOS).

 


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terça-feira, 31 de maio de 2022

 

VERA CRUZ

Clerisvaldo B. Chagas, 1 de junho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.709

 

A Farmácia Vera Cruz, pertencente ao ex-pracinha e saudoso Alberto Nepomuceno Agra, era uma das mais antigas de Santana do Ipanema. Seu estoque atualizado e qualidade no atendimento sempre foram itens importantes no status Vera Cruz. Mas havia três coisas extras que nos chamavam atenção: o brinde anual de um almanaque, o quadro na parede mostrando a porta estreita e a porta larga e a balança permanente à porta de entrada. Qualquer pessoa passante na calçada – e não somente fregueses – podia verificar o seu peso gratuitamente. E como era importante a balança para aqueles que estavam querendo ganhar peso ou perdê-lo. Um objeto tão relevante para quem dele precisa e indiferente para outros. Quanto a marca da balança, esquecemos de anotar.

Ultimamente, tanto em Maceió quanto em Santana do Ipanema, não encontramos balanças nas entradas das farmácias. Quando você precisa de uma e indaga sobre ela, a resposta é que tem lá dentro, nos fundos do estabelecimento. Outros lugares dizem que não dispõem deste serviço. Se quiser balança, que procure comprar essas de banheiro, vendidas ali mesmo no balcão. Algumas farmácias atendem tão mal que o cliente tem vontade de deixar tudo pra lá e sair em busca de outra. Mas muitas vezes o cansaço e a distancia de um ponto a outro, faz esse cliente sofrer o constrangimento, mesmo querendo comprar e pagar. Enquanto a novela é atualizada por alguns funcionários, o usuário fica a “ver navios”, prateleiras lotadas e atendimento zero.

Mas voltando à Farmácia Vera Cruz. Cumprida a sua missão, Alberto fez a sua passagem. Sua farmácia atualmente está em outras mãos. Andando pelo comércio de Santana, precisei verificar o peso, pois andava buscando uns quilinhos a mais. Lembrei-me da antiga Vera Cruz e fui saber se ainda existia ali uma balança à disposição da clientela e dos passantes. Supimpa! Lá estava ela no lugar costumeiro, logo na entrada. E como manda a boa educação, um pedido de licença e anotação do peso na cabeça.

Quanto vale uma boa prestação de serviço!

O quadro que indicava a porta estreita e a porta larga, pode não existir mais. Os brindes de almanaques de final de ano podem ter sido desatualizados, mas a balança continua prestando ótimos serviços para quem dela necessita.

Para quem precisa, quanto vale uma balança!

BALANÇA. (FOTO: MERCADO LIVRE).

 


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