quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

 

VISITEI A ESCOLA

Clerisvaldo B. Chagas, 18/19 de janeiro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.828

 



Ontem (terça) visitei a Escola Estadual Prof. Aloísio Ernande Brandão, na região do Complexo Educacional.  Programado também, um encontro com o prof. Marcello Fausto, tendo em vista programações literárias em andamento. Matei a saudade dos arredores onde estão situados também o Colégio Estadual Mileno Ferreira e o Colégio Estadual Laura Chagas. E se a satisfação retorna em rever a educação, outras visões negativas no perímetro deixam entristecidos qualquer profissional do ramo ou aluno dos áureos tempos do Ensino pelas imediações. Muito abandono em obras físicas do entorno e flagrantes de descasos interno que chocam, revoltam e comovem ao mesmo tempo. Prefiro, porém não detalhar meus olhares no negativo e, correndo o risco de ser otimista para o Complexo, acreditar em inúmeras providências que deverão ser tomadas.

Somente para falar de uma coisa não boa, no tempo em que estávamos, ainda na ativa, uma chuvarada derrubou parte do muro que cerca o complexo. Anos e anos depois, a fatia derrubada do muro aumentou tanto que em percentagem não sabemos calcular. Sozinho por ali, tentei fotografar gado bovino, ovino, equino e muar que fazem do complexo verdadeiro paraíso de fazendeiros sem fazendas que teimam em criar os bichos no terreno escolar e do governo. Como ainda estava muito cedo, a bicharada ainda não havia chegado. Sem nada dizer da minha impressão, fui conversar com o professor  Marcello sobre temas literários e aí sim, muitas notícias boas que fazem flutuar a esperança.

E no terreno insalubre onde estão assentados hoje os três colégios do estado, repasso para o professor Marcello minha teoria sobre o riacho Camoxinga que na última cheia invadiu as três unidades de ensino. Há milhares de anos toda aquela área por onde passava o riacho, foi aterrada pelo próprio riacho obstruindo seu leito e fazendo o córrego abrir novo caminho para chegar até o rio Ipanema. Hoje escorre por trás do casario da rua Gilmar Pereira de Queiroz e prossegue contornando a área aterrada (onde estão os colégios), fazendo meandros mais ravina nas proximidades da foz, sob a Ponte Cônego Bulhões. Mas nunca encontrei estudioso na cidade para rebater minha tese, teoria, opinião ou mentira geográfica. Enquanto isso, no período de cheias, o riacho continua ameaçador. Fazer o quê?   

 

 

 


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domingo, 15 de janeiro de 2023

 

ARAPUÁ

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de janeiro de 2022.

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.827

 



Muito gostoso falar sobre essa pequena abelha da nossa terra que não tem ferrão, mas bota para correr até cabra valente. Pode ser chamada de arapuá aqui no sertão, mas o seu nome indígena – que significa mel redondo – possui uma grande variação conforme as regiões, como irapuã, arapuã, aripuã, aripuá, arapu, axupé, cupira, urupuca e várias outras. Referindo-se à abelha no masculino como falam os sertanejos, o Arapuá faz a sua colmei na parte externa dos galhos de árvores, que se tornam um monte arredondado, daí o “mel redondo”, formato do seu enxu ou inxu também assim denominado no sertão, toda colmeia grande ou pequena. Essa minúscula danadinha gosta muito de árvores frutíferas e seus galhos mais altos, como a mangueira, por exemplo.

Nem precisa ir diretamente atrás do inxu, tirar o mel, basta chegar por perto, subir na árvore para pegar uma fruta nas proximidades das abelhas. Isso chega a ser muito divertido por quem assiste a cena de uma perseguição em massa por conta das pequeninas. O bando ataca, principalmente, o cabelo, onde se enrosca e morde por todos os lugares, com risco de penetração nos ouvidos, e nariz. Enquanto isso, a vítima parece louca, apavorada, tentando descer da árvore e se livrar da arapuá nos cabelos. Imita um boneco de mola enlouquecido, ligado na tomada. Muitos e muitos risos pelos arredores.  “Corra, cabra velho, que o que elas querem é distância entre você e o inxu”. Geralmente, tudo acaba bem e o sujeito sai de cara feia olhando para trás e que mais a frente ele próprio estará rindo e contando a presepada.

O tamanho de um inxu de arapuá é visto de longe, chama muita atenção até para os acostumados sertanejos. Poderíamos aqui falar em detalhes sobre a abelha arapuá (Trigona spinipes) mas o amigo ou amiga talvez não estejam interessados (as) em minúncias, sendo o foco do tema as brincadeiras que essas simpáticas abelhas pretas pequenas e lustrosas fazem para botar o cabra para correr quando se sentem ameaçadas. Representam mais um encanto e coisas engraçadas do sertão nordestino. Mas existe também uma abelha chamada inxuí, que por ser muito pequena, bem como sua colmeia, foi até motivo de nome de lanchonete minúscula na cidade de Arapiraca, com ideia do escritor Zezito Guedes.

 


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