terça-feira, 18 de abril de 2023

 

 PATRIMÔNIOS CULTURAIS

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de abril de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica; 2.867


São patrimônios arquitetônicos de Santana do Ipanema, o “quarteto do Monumento” e o “quarteto do Comércio”. O quarteto do Monumento, é formado pela “Igrejinha/monumento de N. Senhora Assunção”, “Grupo Escolar Padre Francisco Correia”, “Ginásio Santana” e “Tênis Club Santanense”. Já o quarteto do Comércio, é formado pelo “casarão de esquina”, pelo “casarão do deus Mercúrio”, pelo “casarão da Praça” e do casarão do “maestro Queiroz”. São estes patrimônios que serão apresentados em nossa palestra quinta-feira, próxima”, na Escola Estadual Prof. Aloísio Ernande Brandão, ocasião do aniversário de Santana e do referido Colégio que chega inteiro aos 31 anos de idade.

Não estão incluídos nos dois quartetos, como você está notando, a Matriz de Senhora Santana, situada no Comércio e a Igreja Sagrada Família localizada no bairro Monumento. Tudo isso porque, em nossa humilde opinião, a Igreja Matriz de Senhora Santana, é um patrimônio à parte e único e, a igreja Sagrada Família é muito recente em relação aos quartetos. Mais recente ainda, temos o santuário à Nossa Senhora de Guadalupe, implantada pelo, então, padre Delorizano, para marcar a passagem do século XX para o século XXI. Estar o Santuário na entrada da cidade sentido Maceió – Santana, pelo BR-316. Marca o início da Rua e Bairro São Vicente, próximo ao Abrigo São Vicente de Paula.

Quanto às nossas pontes, suas ausências, ainda cedo da cidade fez com que surgisse uma plêiade de heróis santanenses com o intuito de transportar gente e mercadorias de uma margem a outra tanto do riacho Camoxinga, quanto do rio Ipanema. Até automóveis foram transportados em canoas. E as velhas pontes de madeira construídas sobre a foz do riacho Camoxinga, tantas fizessem quanto seriam destruídas pelo riacho. E mesmo numa época difícil para fotografar, escapou a foto da multidão contemplando a bagaceira da enchente de 1915, no valente Camoxinga. Em 1937, foi erguida a primeira ponte de concreto sobre a foz do Camoxinga,custou 5 mil réis e foi considerada obra-de-arte. A ponte sobre o rio Ipanema somente veio a acontecer no lugar Barragem, em 1951. Os canoeiros continuaram em atividade no poço do Juá, até a construção da ponte Batista Tubino, em 1969, no Comércio, de uma margem a outra do rio Ipanema. Daí em diante, nossos heróis caíram no esquecimento até o nosso atual resgate com os “Canoeiros do Ipanema”.

CASARÃO DA ESQUINA, UMA DAS MAIS BELAS PEÇAS ARQUITETÔNICAS DA CIDADE. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).

 

 

 

 


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segunda-feira, 17 de abril de 2023

 

SERTÃO SANTANENSE

Clerisvaldo B. Chagas, 18 de abril de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.866

 



Desde os tempos de vila, isto é, antes de 1920, Santana do Ipanema já possuía belos casarões no Comércio, proporcionados por fazendeiros e industriais; já havia banda de música e, praticamente na transição vila/cidade, veio o teatro, o cinema, mais duas bandas de músicas e a primeira pracinha da urbe. A primeira banda foi fundada em 1908, pelo coletor federal e maestro conhecido por “Seu Queiroz”. A primeira pracinha foi inaugurada no meio do Comércio defronte a atual casa comercial Casas Bahia, no Largo prof. Enéas. Recebeu o título de Praça do Centenário em homenagem aos cem anos, após D. Pedro I.  Na gestão seguinte foi colocado o busto do Imperador do Brasil, o que foi motivo de chacota e até colocaram uma gravata no alto busto no final de um obelisco.

A política agia igual aos dias de hoje ou pior. Teatro, cinema e fórum, eram coisas que fugiam ao cotidiano, tinham suas atrações no palco do salão enorme do chamado “sobrado do meio da rua”. Ali o debate entre acusação e defesa lotava o sobrado onde funcionavam todos os grandes eventos fechados da vila e da cidade. Quanto ao Comércio, sempre fora privilégio desde longas datas. As mercadorias diversas chegavam em lombo de burro, jumento, besta, carro de boi e logo com os primeiros caminhões que rodaram por aqui. A feira da vila fora implantada cedo, aos sábados e assim permanece até os dias atuais. Os carros de boi aguardavam as mercadorias para transporte no Ipanema, no poço do Juá, em tempo seco; na margem direita com o rio cheio.

Ainda na década de vinte, após marchas e contramarchas, chegou o primeiro juiz de Santana do Ipanema. Tempos depois teve o caso com o sujeito “Josias Mole”, que vingara o pai na região da serra da Remetedeira. Era mole, mas ficou duro e o juiz o mandou prender, gerando comoção pública, então o juiz mandou soltar. Josias solto virou arruaceiro nos cabarés da cidade e foi preso novamente. Deu trabalho a sair. Vendo-se liberto, ingressou no bando de Lampião com o apelido de “Gato Bravo”. Depois de certo tempo desertou, tornou-se barbeiro e foi preso pela polícia. Foi ele quem guiou o bando de Lampião pela zona rural de Santana e nos caminhos da, então, vila de Olho d’Água das Flores, em 1926. Quer mais ou tá bom?

 

 

 

 


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