SERTÃO SANTANENSE
Clerisvaldo B. Chagas, 18 de abril de 2023
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.866
Desde
os tempos de vila, isto é, antes de 1920, Santana do Ipanema já possuía belos
casarões no Comércio, proporcionados por fazendeiros e industriais; já havia
banda de música e, praticamente na transição vila/cidade, veio o teatro, o
cinema, mais duas bandas de músicas e a primeira pracinha da urbe. A primeira
banda foi fundada em 1908, pelo coletor federal e maestro conhecido por “Seu
Queiroz”. A primeira pracinha foi inaugurada no meio do Comércio defronte a
atual casa comercial Casas Bahia, no Largo prof. Enéas. Recebeu o título de
Praça do Centenário em homenagem aos cem anos, após D. Pedro I. Na gestão seguinte foi colocado o busto do
Imperador do Brasil, o que foi motivo de chacota e até colocaram uma gravata no
alto busto no final de um obelisco.
A
política agia igual aos dias de hoje ou pior. Teatro, cinema e fórum, eram
coisas que fugiam ao cotidiano, tinham suas atrações no palco do salão enorme
do chamado “sobrado do meio da rua”. Ali o debate entre acusação e defesa
lotava o sobrado onde funcionavam todos os grandes eventos fechados da vila e
da cidade. Quanto ao Comércio, sempre fora privilégio desde longas datas. As
mercadorias diversas chegavam em lombo de burro, jumento, besta, carro de boi e
logo com os primeiros caminhões que rodaram por aqui. A feira da vila fora
implantada cedo, aos sábados e assim permanece até os dias atuais. Os carros de
boi aguardavam as mercadorias para transporte no Ipanema, no poço do Juá, em
tempo seco; na margem direita com o rio cheio.
Ainda
na década de vinte, após marchas e contramarchas, chegou o primeiro juiz de
Santana do Ipanema. Tempos depois teve o caso com o sujeito “Josias Mole”, que
vingara o pai na região da serra da Remetedeira. Era mole, mas ficou duro e o
juiz o mandou prender, gerando comoção pública, então o juiz mandou soltar.
Josias solto virou arruaceiro nos cabarés da cidade e foi preso novamente. Deu
trabalho a sair. Vendo-se liberto, ingressou no bando de Lampião com o apelido
de “Gato Bravo”. Depois de certo tempo desertou, tornou-se barbeiro e foi preso
pela polícia. Foi ele quem guiou o bando de Lampião pela zona rural de Santana
e nos caminhos da, então, vila de Olho d’Água das Flores, em 1926. Quer mais ou
tá bom?
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