AINDA FALTA
Clerisvaldo B. Chagas, 27 de abril de 2023
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.873
Muitas
coisas da história de Santana foram contadas, porém, outra parecem sem
soluções. Pode ser até que apareça um pesquisador abnegado no futuro e resgate
episódios que teimam em ficarem esquecidos. A grandiosa história do padre
Bulhões é uma delas, outras são as epopeias do DNOCS e do DNER, em Santana do
Ipanema, como base. Temos ainda a saga do coronel Lucena... felizmente esta já
está sendo escrita e bem adiantada na obra. Mas ainda falta a vida do coronel
Manoel Rodrigues da Rocha. Sobre esses assuntos, apenas fragmentos surgiram
aqui ou acolá, mas o miolo não aparece, deixando escapar grande riqueza dos
nossos anais completamente sem luz.
Por
falar nisso, se não me engano, em torno de 1960, chegou a Santana do Ipanema,
uma frota enfileirada de 60 jipes marca Willys, dando grande espetáculo pela
rua principal da cidade. Diziam que esses resistentes veículos eram sobras da
Segunda Grande Guerra e foram trazidos para o Sertão para serem vendidos a quem
quisesse comprar e que isso iria facilitar o progresso da região. Não havia
tantos automóveis assim na área sertaneja, tanto que havia uma senhorita conhecida
como Maria José de Leuzinger que sabia de cor e salteado todas as placas de
veículos e seus proprietários de Santana do Ipanema. Também não temos certeza se
era dia de Carnaval, mas o fato é que isso causou grande alvoroço na cidade. O
preço era bom, mas nem todo cidadão podia comprar um jipe.
Todos
os veículos, entretanto, foram vendidos. E de fato, essas aquisições serviram
muito ao desenvolvimento. O padre comprou, o médico comprou, o comerciante
comprou... e muitos tiveram seus serviços facilitados na zona rural. O carro de
boi, o cavalo, o burro... Iam ficando obsoletos com a entrada de motores em
massa na Sertão. A transição que até os presentes dias nunca foi total, jamais
desvalorizou os primeiros meios de transporte da época, apenas os ofuscou. A
fama de bruto do jipe nunca saiu de moda. Podemos encontrá-lo hoje,
sofisticado, metido à besta, mas sempre jipe, transmitindo força e segurança ao
usuário.
Muitos
jipes no mundo!
Bem
que falta agora, uma Maria José para decorar placas e donos dos motores da Terra.
JIPE
WILLYS (IMAGEM: Wikipédia/jipe willys.jpg\thumb\180p)
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