ACONTECEU LAMPIÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 21 de abril e 2023
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica; 2.869
A
história de Santana do Ipanema, fala em “tiro de guerra” na cidade desde os
anos vinte. Esta unidade do Exército Brasileiro foi muito importante com a sua
simples presença que ajudou a manter ao largo, o bando de Lampião, em 1926.No
início dos anos 60 o tiro de guerra ainda permanecia na cidade, inclusive, com
seus exercícios pelas ruas como a Antônio Tavares. Lembramos ainda que a sede da
unidade ficava no andar térreo do “sobrado do meio da rua”. Na época em que
Lampião passou pela zona rural de Santana, governava à cidade Benedito Melo e
que naquele momento estava com crise de asma, quando recebeu notícias da
aproximação dos bandidos. O comandante de polícia, recém chegado da zona da
mata, estava com um medo triste de enfrentar Lampião.
Os
civis resolutos da cidade, resolveram fazer um movimento em busca de armas e
voluntário para enfrentar uma possível invasão. Inúmeros rifles foram
descobertos e foi formada uma frente com os soldados do tiro de guerra, da
polícia e com os civis, o que deu uma média de 40 e poucos homens. Foi feita
uma trincheira com sacos de areia na entrada oeste da cidade, na Rua da Poeira.
Ali os homens passaram uma noite aguardando a chegada de Virgulino Ferreira,
diante de um frio intenso do inverno do meio do ano. Vale salientar que o padre
Bulhões também caçou armas pela urbe. Finalmente amanheceu o dia com a surpresa
do Sol nesse meio de inverno e os homens foram liberados para comerem massas
numa padaria próxima. Nada de Lampião.
Mas
se o bando, composto por mais de 100 homens, não penetrou na cidade,
praticou vários assaltos na zona rural, antes da invasão à vila de Olho d’Água
das Flores. Vale salientar que essas passagens cangaceiras por nossa região,
foram registradas pelos escritores Valdemar de Souza Lima, Oscar Silva e alguns
acontecimentos pelos escritores irmão, Floro e Darci d Araújo Melo. Governava o
nosso estado o jornalista Costa Rego. Costa Rego foi aquele governador que
diante de tantos telegramas de prefeitos do Sertão denunciando a presença do
cangaceiro por aqui, respondeu ironicamente: “Quantos Lampiões existem?”.
Contudo, quando chegou a Olho d’Água das Flores (Lampião já havia se retirado)
pode contemplar a bagaceira deixada pelo bandido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário