quarta-feira, 22 de maio de 2024

 

A FERROADA DO MARIBONDO

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de maio de 2024

Escritor Símbolo do Sertão alagoano

Crônica: 3.051

 



Marimbondo ou Maribondo, sem o “M” como é registrada a cidade agrestina de Alagoas, representam essa variedade enorme da Língua Portuguesa. Além disso, o regionalismo em se tratando das Cinco Grande Regiões Geográfica do Brasil, tem cada uma dentro de si, uma grande variedade de palavras ou desconhecidas dentro do seu próprio bojo, estado a estado.  Maribondo ou Marimbondo é um tipo de vespa ou abelha/vespa, cujo ferrão muito maltrata o ser humano. Antigamente, os portugueses apelidavam os brasileiros com essa denominação principalmente durante os vários episódios de guerras de expulsão. Com “M” ou sem “M”, ambas as formas estão certas, que dizer, a cidade de Maribondo não tem que corrigir nada. Pelo contrário, vai continuar a ganhar dinheiro, muito dinheiro no seu comércio pequeno de passagem.

No trajeto antigo Sertão/Maceió, parávamos em alguns lugares da estrada com enorme frequência. Em Cacimbinhas, em Palmeira dos Índios, Cabeça Danta, Marimbondo e Salgado. Não se quer dizer que se parava em todos os lugares, mas os expostos acima eram os preferidos. O tempo, porém, foi encostando um a um, ficando apenas a cidade de Maribondo. Como é o interior da cidade não sabemos, mas o lugar de passagem, BR-316, faz movimentar um intenso comércio pequeno, e gigante com dinamismo. Esse comércio que se inicia ao amanhecer, prolonga-se a aproximadamente até às 20 horas. É à base, de lanchonetes, churrascarias, cafés e produtos soltos tal qual o milho assado, a tapioca e a água de coco.

Não conhecemos ninguém que calcule o quanto entra de dinheiro naquela cidade através desse movimento diário, contínuo e incansável. O lugar Maracanã, em Santana do Ipanema, não consegue chegar nem parte da dinâmica do comércio pequeno de Maribondo. Nada do que foi falado acima falta quando você procura. É como se ali tivesse uma máquina para produzir tapioca, milho assado e coco verde. E é no velho Maribondo sem ferrão ameaçador, que os clientes do sertão e parte do Agreste, se esparramam pelo trajeto citadino da BR-316, e saem de bucho cheio, retesado que só corda de viola.

Parabéns aos amigos maribondenses pela descoberta do dinheiro!

PRAÇA PADRE CÍCERO NA BR-316, MARIBONDO (FOTO: B. CHAGAS)


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segunda-feira, 20 de maio de 2024

 

LAMPIÃO – XÒ-BOI – ALAGOAS

Clerisvaldo B. Chagas, 21 de maio de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.050

 



Lampião e seus cabras, eu e meus colegas sertanejos, usávamos sim, o tipo de Alpercata da época denominada XÔ-BOI, mas daí a apontar sempre Lampião por tudo que parecia  fazer  há uma grande diferença.  Não existe uma pesquisa profunda falando sobre quem inventou a “percata” XÔ-BOI e se existe, desconhecemos. Não há no mundo quem conte a quantidade de artesãos sapateiros no Nordeste do tempo do cangaço. Também se produzia no Sertão vários tipos de calçados como sapatos, chinelos, sandália de dedo, de sola, tamanco de pau e a “percata” XÔ-BOI. Ela é fechada de couro nas laterais do pé, deixa os dedos a descobertos e possui uma reata na parte de trás para prender ao alto do calcanhar. Fazia-se a alpercata tipo XÔ-BOI principalmente, de sola e de couro de bode e de couro de veado. O couro de veado permitia mais maciez e cor agradável, sendo um pouco mais cara. O último artesão a fazer este tipo de alpercata de couro de veado, em Santana do Ipanema, foi o sapateiro Nô Marcolino, na Rua Pedro Brandão, Bairro da Camoxinga.

Pois a surpresa do sucesso de vendas em pleno Século XX de alpercatas XÔ-BOI em Alagoas é a nova moda calçadeira. É gratificante a exaltação à moda sertaneja geral e do cangaço das caatingas. A foto mostra os novos desenhos dos modernos calçados que antes era liso, sem cores e, no máximo, furos desenhados no couro. Vários parlamentares nos anos sessenta, frequentaram a Assembleia Legislativa Estadual de paletó e “percata” XÔ-BOI.

Portanto, os compradores do estado e turistas, que estão dando preferência a nossa alpercata cangaceira e caatingueira, estão de parabéns pela escolha autêntica nordestina. Lógico que essas coisas relevantes para nosso comércio, moda e economia, deixam de ganhar destaque nos jornais noticiosos que procuram preferência de tragédias e carnificinas. Mas, aqui, acolá vamos apurando a vista para as notícias menores e sem destaques. A citada alpercata, quando bem-feita para não fazer calo, protege bem os pés e dá firmeza ao usuário. Assim vamos apresentando mais uma curiosidade sertaneja do mundo encantado do interior.

Espero que tenha gostado.

Viva o Sertão alagoano!

ALPERCATAS XÓ-BOI NO MERCADO ARTESANAL DE MACEIÓ. (FOTO: TAUANE RODRIGUES).


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