quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

SERRA DO CRISTO

SERRA DO CRISTO
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de janeiro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.046

CHUVA NO SERROTE GONÇALINHO. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).
Em Santana do Ipanema, Alagoas, um dos montes que circundam a cidade é denominado serrote do Gonçalinho, serra do Cristo e serra das Micro-ondas. Serrote do Gon(Fçalinho é denominação antiga, registrada em crônica pelo escritor Oscar Silva. Serra do Cristo porque ali foi colocada uma estátua de porte médio do Cristo de braços abertos e, serra das micro-ondas, devido às instalações de torres de telecomunicações no seu topo. Temos a impressão de que o serrote do Gonçalinho há milhões de anos, fazia parte de uma cadeia de montanhas que viria da serra da Lagoa, serra do Cabeça Vermelha, serrote do Gonçalinho, Serrote do Cruzeiro, serrote Pintado, serra Aguda e serra da Remetedeira. Com os desgastes milenares a cadeia transformou-se em serras isoladas. Essa é nossa teoria grosso modo.
Mas, quem teria colocado a estátua do Cristo no serrote do Gonçalinho? Várias sugestões foram discutidas em rodas de curiosos. Uma delas diz que o Cristo mal feito teria sido colocado pelo cidadão Frederico Rocha que fora intendente em Santana no início dos anos 30. No cemitério Santa Sofia, existe uma estátua semelhante no túmulo da família Rocha que é destaque e parece ser de metal. Inclusive, foi criticada em uma das visitas à cidade pelo escritor santanense Oscar Silva que desconfiou que a estátua tivesse um braço maior do que o outro. Até aí tudo combina. Dizem que a estátua do Gonçalinho foi colocada ali como promessa de Frederico. A teoria estaria completamente fechada se o antigo Interventor gostasse de promessas. Frederico tinha segmento kardecista e não era chegado à piegas do catolicismo. Isso faz com que a polêmica continue.
       Mesmo assim, a tese de que foi ele mesmo, o interventor, fala mais alto pela coincidência das duas estátuas semelhantes que parecem ter sido confeccionadas pelo mesmo artesão, com os mesmos defeitos. Na gestão Nenoí Pinto, a estátua do Cristo mereceu atenção e foi iluminada com destaque no serrote. O Cristo fica um pouco abaixo do topo e passou muito tempo abandonado e desconhecido. É visitado como curiosidade pelos que sobem a elevação como excelente mirante para o lado leste da cidade e arredores. Mas quem vai registrar nos anais da administração pública essas duas teorias, uma geográfica e outra social?
Sempre fazendo a nossa parte.

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terça-feira, 22 de janeiro de 2019

CANGAÇO: FESTA DOS MORTOS EM MACEIÓ


CANGAÇO: FESTA DOS MORTOS EM MACEIÓ
Clerisvaldo B. Chagas, 23 de janeiro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.045

          31.07.1938. Maceió (AL). Em Bebedouro, Maceió, uma multidão já aguardava. Dali ao Quartel foi um corre-corre da multidão em duas alas, para vê as cabeças que eram mostradas de minuto a minuto. Os troféus acompanhavam as cabeças, também mostrados ao povo.
          As cabeças chegaram acompanhadas por uma caravana de 50 automóveis, segundo notícias do jornal “Folha da Manhã”. (Sergipe. 03.08.1938).
         Após 16 horas de viagem, chegou o caminhão ao quartel do R.P.M. aproximadamente às 21 horas. As cabeças foram entregues ao comandante da Polícia Militar.
       Da sacada do quartel o sargento Sylvestre Vianna Silva, apresentou ao povo os troféus.
       As cabeças de Lampião e Maria Bonita foram mostradas do alto do caminhão. Em seguida foram levadas para o necrotério à responsa do Dr, Lages Filho, legista.
       Bezerra chegou à noite do domingo, ficou internado no Pavilhão de Cirurgia no Hospital de São Vicente com uma bala alojada na coxa esquerda, para cirurgia. Inúmeras pessoas foram visitá-lo. Deu entrevista a Gazeta. (25).
       01.08.1938. Maceió (AL). O trem do dia 10 trouxe as cabeças de Palmeira dos Índios, que faltavam, indo para o necrotério. As nove cabeças ficaram expostas ao púbico, de manhã no necrotério.
      A cabeça de Lampião foi estudada pelo legista de Maceió “Serviço Médico Legal”, Dr. Lages Filho: “A cabeça de Lampião chegou sem cérebro”.
       Fora as cabeças de Lampião e de Maria Bonita, as outras estavam já sem condições e foram sepultadas em Maceió.
       Bezerra fez uma viagem ao Rio de Janeiro para um encontro com Getúlio Vargas, depois caiu no esquecimento. Foi nomeado, após, delegado regional de São José da Lage (AL). Passou vinte anos lá.
       Todos foram promovidos. O governo do estado distribuiu cinquenta contos de reis com todos, cabendo para os soldados, à média de um conto e duzentos. Oficiais 10%; sargentos, 5% e o restante dividido em partes iguais para os praças. O crédito foi aberto pelo interventor estadual, em torno de 03.04.1939.
Promovidos:
Adrião Pedro de Souza (morto em combate), soldado, a terceiro sargento;
José Lucena de Albuquerque Maranhão, tenente-coronel a Coronel;
João Bezerra da Silva, 10 tenente, a capitão;
Francisco Ferreira de Mello, aspirante, a primeiro tenente;
Aniceto Rodrigues da Silva, 30 sargento, a aspirante;
Porfírio de Oliveira Lima, aspirante, a 20 tenente;
Valdemar da Silva Góis, 30 sargento, a aspirante.

Extraído do livro:
CHAGAS, Clerisvaldo B. & Fausto, Marcello. Lampião em Alagoas, Maceió, Grafmarques, 2012. Págs. 407-408.
  
  

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