segunda-feira, 31 de agosto de 2020

 

CÂMARA DE VEREADORES E A LUZ

Clerisvaldo B, Chagas, 2 de setembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.3


EM 31 DE MAIO DE 1921, a vila de Sant’Ana do Ipanema foi elevada à categoria de cidade com o nome Santana do Ipanema. Essa Lei N0 893 foi sancionada pelo governador em exercício, padre Manoel Capitulino de Carvalho (fora dirigente da vila). Estava à frente do município o Sr. Manoel dos Santos Leite. Nesse mesmo ano foi celebrado uma espécie de convênio entre empresa particular e municipalidade para a implantação de luz elétrica na nova cidade, através de força motriz. No ano seguinte, em 30 de novembro de 1922 é inaugurada a luz elétrica em Santana. Antes a vila era iluminada com óleo de baleia e/ou azeite de mamona em lanternas nos postes de madeira. O grande motor alemão ficou abrigado na Rua Barão do Rio Branco, penúltimo prédio antes do beco em que hoje é a Ponte General Batista Tubino. Um prédio completamente imundo, preto de tanta fuligem pelas paredes.

Do prédio referido acima, a empresa mudou-se para um edifício novo à Avenida Nossa Senhora de Fátima entre 1951 e 1955, (hoje Câmara Municipal de Santana do Ipanema). Ficou o prédio dividido em três partes: o grande salão, onde hoje é a plenária, funcionava o motor e seus inúmeros painéis encostados à parede do lado direito de quem entrava.   E abaixo, onde hoje são os gabinetes dos vereadores, ficava o caixa onde pagávamos as mensalidades da energia consumida. Ainda lembro do Sr. Valdemar Lins, recebendo os pagamentos. Os Lins faziam parte da empresa.  Do lado de baixo, última parte, era o lugar onde três enormes tanques armazenavam uma água verde, talvez do Ipanema, para refrigerar o motor. Tomava conta dos tanques, o Sr. Antônio da Empresa, assim conhecido. E do motor, o Sr. Agenor, inteligente, artista e inventor, verdadeiro cientista. Na fachada do prédio estava escrito: “Empresa Municipal de Força e Luz”.

Em 1959, na gestão Hélio da Rocha Cabral de Vasconcelos, o motor entrou em exaustão. A cidade passou quatro no escuro e somente após grande movimento liderados por jovens como Eraldo Bulhões e Adelson Miranda, fundadores da rádio clandestina Candeeiro e muitas passeatas pela cidade, finalmente chegou à energia de Paulo Afonso, em 1963. O prédio ocioso passou a funcionar como fórum e, hoje: Câmara Municipal de Vereadores Tácio Chagas Duarte.

·        Nunca colocaram o nome do patrono na fachada. Absurdo!!!


  (Fotos: livro 230)

                                                                                                       


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domingo, 30 de agosto de 2020

 

ACONTECEU EM SANTANA

Clerisvaldo B. Chagas, 31 de agosto de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.375


PROCISSÃO EM SANTANA DO IPANEMA, 2020. (CRÉDITO: SERTÃO NA HORA

Fato humorístico se deu durante uma festa de Senhora Santana, já apresentada aqui há muito tempo. Durante os festejos à padroeira, Santana do Ipanema ficava repleta de bazares, bancas de lanches, parque de diversão e um sem número de bancas de jogo. Jogos de todos os tipos, principalmente de bozós (dados) com estampas de seis bichos. Era a parte profana da novena ocupando toda a extensão defronte à Matriz, o Largo da Feira e a Rua Tertuliano Nepomuceno onde ficavam as bancas de jantares, os forrós e as cantorias de viola. Por trás do “sobrado do meio da rua” nos fundos das casas comerciais de Manoel Constantino, Arquimedes e Abílio Pereira, onda, curre (carrossel) e balões coloridos se equilibravam na saída,  ganhando os céus. Banda de música, foguetório e ‘carro de fogo” animavam o orgulho santanense.

Ao iniciar a missa as atividades profanas paravam e aguardavam o término da solenidade para, então, reiniciar o furdunço que não tinha hora para acabar.  Inúmeras atividades amanheciam o dia, entre elas, músicas e mensagens de amor transmitidas pelo alto falante do parque entre o ronronar da roda gigante.

Como o padre Bulhões estava doente, fora substituído por um vigário de Viçosa fanático por jogo. Em uma daquelas noites, passava da hora de iniciar a missa e a igreja lotada. O sacristão também era viciado em bebida e jogo, chamado Caiçara (que foi volante e matou o pai do futuro Lampião sob o comando de Lucena). Caiçara foi chamar o padre que estava numa banca de jogo. O padre dizia: “Vou já Caiçara, vá tapeando o povo”. Após três viagens para chamar o sacerdote: “Padre, o povo está agoniado, pensa até que o senhor também adoeceu. Já passa de meia hora de atraso”. E o padre de Viçosa, abusado com a insistência do sacristão, disse para ele: “Caiçara, se o povo de Santana do Ipanema soubesse o quanto vale a missa celebrada por mim e auxiliada por você, não ficava um só fiel dentro daquela igreja!”.

·        O caso do padre foi repassado pelo saudoso mestre de obras, conhecido como Mané de Toinho.

 

 


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