CÂMARA DE VEREADORES E A LUZ
Clerisvaldo B, Chagas, 2 de setembro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.3
EM 31 DE MAIO DE 1921, a vila de Sant’Ana do Ipanema foi elevada à categoria de cidade com o nome Santana do Ipanema. Essa Lei N0 893 foi sancionada pelo governador em exercício, padre Manoel Capitulino de Carvalho (fora dirigente da vila). Estava à frente do município o Sr. Manoel dos Santos Leite. Nesse mesmo ano foi celebrado uma espécie de convênio entre empresa particular e municipalidade para a implantação de luz elétrica na nova cidade, através de força motriz. No ano seguinte, em 30 de novembro de 1922 é inaugurada a luz elétrica em Santana. Antes a vila era iluminada com óleo de baleia e/ou azeite de mamona em lanternas nos postes de madeira. O grande motor alemão ficou abrigado na Rua Barão do Rio Branco, penúltimo prédio antes do beco em que hoje é a Ponte General Batista Tubino. Um prédio completamente imundo, preto de tanta fuligem pelas paredes.
Do
prédio referido acima, a empresa mudou-se para um edifício novo à Avenida Nossa
Senhora de Fátima entre 1951 e 1955, (hoje Câmara Municipal de Santana do
Ipanema). Ficou o prédio dividido em três partes: o grande salão, onde hoje é a
plenária, funcionava o motor e seus inúmeros painéis encostados à parede do
lado direito de quem entrava. E abaixo,
onde hoje são os gabinetes dos vereadores, ficava o caixa onde pagávamos as
mensalidades da energia consumida. Ainda lembro do Sr. Valdemar Lins, recebendo
os pagamentos. Os Lins faziam parte da empresa.
Do lado de baixo, última parte, era o lugar onde três enormes tanques armazenavam
uma água verde, talvez do Ipanema, para refrigerar o motor. Tomava conta dos
tanques, o Sr. Antônio da Empresa, assim conhecido. E do motor, o Sr. Agenor,
inteligente, artista e inventor, verdadeiro cientista. Na fachada do prédio
estava escrito: “Empresa Municipal de Força e Luz”.
Em
1959, na gestão Hélio da Rocha Cabral de Vasconcelos, o motor entrou em
exaustão. A cidade passou quatro no escuro e somente após grande movimento
liderados por jovens como Eraldo Bulhões e Adelson Miranda, fundadores da rádio
clandestina Candeeiro e muitas passeatas pela cidade, finalmente chegou à
energia de Paulo Afonso, em 1963. O prédio ocioso passou a funcionar como fórum
e, hoje: Câmara Municipal de Vereadores Tácio Chagas Duarte.
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Nunca colocaram o nome do patrono na fachada. Absurdo!!!
(Fotos: livro 230)
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