REPENSANDO SANTANA E A HISTÓRIA
Clerisvaldo B. Chagas, 4 de agosto de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
3.359
Em Santana do Ipanema, Alagoas, a seca
impiedosa botou o futuro escritor Oscar Silva para correr. O leito seco do rio
Ipanema, recebeu centenas e centenas de retirantes descidos do sertão
pernambucano. Foi então que o padre Bulhões movimentou-se junto à comunidade
para assistir aquelas levas e levas de famílias de retirantes famintos.
Foi esse mesmo sacerdote que recebeu o bebê,
filho do cangaceiro Corisco, para criá-lo e educá-lo. Foi ele quem realizou a
grande e maior reforma da Matriz de Senhora Santa Ana; participou ativamente
para a fundação do Ginásio Santana, uma das primeiras escolas da Rede Cenecista
de Alagoas. Montado a cavalo, dava assistência a toda Paróquia da zona rural.
Detestava encontrar uma casa no sítio, sem alpendre. Dizia abusado: “Casa sem
alpendre é casa de matuto besta”. Formou uma dupla incrível com o coronel José
Lucena Albuquerque Maranhão – a bota e a batina - que comandaram com prestígio
a terra de Senhora Santana por boa fatia de tempo. Foi ele ainda um dos
organizadores da defesa contra um possível ataque de Lampião à cidade.
No final da vida, Bulhões estava doente,
nervoso e falava repetindo a palavra: compreendeu? Compreendeu, quando resolvia
administrar um esbregue em algum filho de Deus desavisado. Certa feita estava
atento na igreja, quando entrou um matuto ingênuo, desinformado e foi até um
dos vários altares em que havia. Pegou um cigarro de fumo grosso, botou na boca
e o aproximou da vela acesa do santo. O padre vendo aquilo, foi até lá e
indagou ao matuto: “Você é de onde? E o Jeca, referindo-se ao sítio onde
morava, respondeu prontamente: “Sou do Mundo Novo”. O padre livrou-o de um
esporro, mas respondeu com ironia: “Logo vi, logo vi, pois no mundo velho de
meu Deus essas coisas não acontecem.
Páginas reviradas do território santanense.
Nenhum comentário:
Postar um comentário