ACONTECEU EM SANTANA
Clerisvaldo B. Chagas, 31 de agosto de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.375
Fato humorístico se deu durante uma festa de Senhora Santana, já apresentada aqui há muito tempo. Durante os festejos à padroeira, Santana do Ipanema ficava repleta de bazares, bancas de lanches, parque de diversão e um sem número de bancas de jogo. Jogos de todos os tipos, principalmente de bozós (dados) com estampas de seis bichos. Era a parte profana da novena ocupando toda a extensão defronte à Matriz, o Largo da Feira e a Rua Tertuliano Nepomuceno onde ficavam as bancas de jantares, os forrós e as cantorias de viola. Por trás do “sobrado do meio da rua” nos fundos das casas comerciais de Manoel Constantino, Arquimedes e Abílio Pereira, onda, curre (carrossel) e balões coloridos se equilibravam na saída, ganhando os céus. Banda de música, foguetório e ‘carro de fogo” animavam o orgulho santanense.
Ao
iniciar a missa as atividades profanas paravam e aguardavam o término da
solenidade para, então, reiniciar o furdunço que não tinha hora para acabar. Inúmeras atividades amanheciam o dia, entre
elas, músicas e mensagens de amor transmitidas pelo alto falante do parque
entre o ronronar da roda gigante.
Como
o padre Bulhões estava doente, fora substituído por um vigário de Viçosa
fanático por jogo. Em uma daquelas noites, passava da hora de iniciar a missa e
a igreja lotada. O sacristão também era viciado em bebida e jogo, chamado
Caiçara (que foi volante e matou o pai do futuro Lampião sob o comando de
Lucena). Caiçara foi chamar o padre que estava numa banca de jogo. O padre
dizia: “Vou já Caiçara, vá tapeando o povo”. Após três viagens para chamar o
sacerdote: “Padre, o povo está agoniado, pensa até que o senhor também adoeceu.
Já passa de meia hora de atraso”. E o padre de Viçosa, abusado com a insistência
do sacristão, disse para ele: “Caiçara, se o povo de Santana do Ipanema
soubesse o quanto vale a missa celebrada por mim e auxiliada por você, não
ficava um só fiel dentro daquela igreja!”.
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O
caso do padre foi repassado pelo saudoso mestre de obras, conhecido como Mané
de Toinho.
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