domingo, 31 de janeiro de 2021

 

OS PREÁS DA BARRIGUDA

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de fevereiro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.461




Quando criança, fui visitar algumas vezes, a casa do senhor Cirilo, último tropeiro de Santana do Ipanema. Subia a calçada de pedra do Almocreve, à Rua Antônio Tavares, a convite de outra criança, Iran Siqueira, filho do cabo Leôncio e Dona Bela. Tudo para ver de perto a pequena criação de mocós em um dos cômodos da casa. Os mocós estavam ali, branquinhos com manchas coloridas na pelagem. Era realmente apaixonante contemplar aquelas criaturas fofinhas e dóceis que Iran dizia serem dele. O mocó (Kerodon rupestris), família Cavidae, é um pouco maior do que o seu parente preá e, ambos vivem em lugares de pedras e lajeiros, onde possuem a toca protegida. São muito perseguidos pelos predadores como as cobras, os gaviões e os homens. Por sua vez o preá (Cavia operea) também chamado Bengo, tem pelagem cinza e pertence à família Cavidae. Ambos não têm cauda, são roedores como o rato e se alimentam de folha, capim, frutos e cascas de árvores.

Esses simpáticos roedores podem ser uma praga para a agricultura, porém já alimentaram milhares de pessoas nas grandes estiagens sertanejas. São caçados a tiros, com armadilhas chamadas aratacas e de muitas outras formas.

Nessas alturas da vida, pensei que não mais existissem esses atrativos cavídeos, devido à fome, ao desmatamento e a intensa caça predatória.

Fui, então, surpreendido pela belíssima foto do secretário da Agricultura municipal, Jorge Santana, fruto das suas constantes andanças pela zona rural. A fotografia representa o sítio Barriguda, cortado pela AL-130, onde está exposto o sapo de pedra – atração turística – feito por artista local. Achei a foto a mim enviada, uma relíquia. Representa um casal de preás, logo cedo do dia, tomando Sol nas pedras do entorno da toca matriz. Além disso ainda tem um pequeno facheiro, vegetal espinhento da caatinga e as rochas de granito rachadas pelas intempéries. É o meu Sertão alagoano ensolarado e palpitante de vida selvagem montado nas coisas tão belas, presentes do Criador.

Passe Corona, passe que eu quero voltar aos campos da minha terra com máquina fotográfica, água no cantil embornal a tiracolo e muito amor no coração. (FOTO: JORGE SANTANA).

 

 

 

 


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quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

 

A VOLTA DOS PROFETAS

Clerisvaldo B. Chagas,28/29 de janeiro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.460



Com muita satisfação recebemos convite do Secretário da Agricultura, Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Santana do Ipanema, Jorge Santana, para participar de grande evento municipal. Estamos falando de mais um Encontros de Profetas Populares das Chuvas do Sertão Alagoano. Dar-se-á o acontecimento no próximo dia 12 de fevereiro, das 8 às 12 horas. O local será defronte a Secretaria da Agricultura, vizinha à Caixa Econômica no Bairro Monumento. Por coincidência, o dia 12 cairá numa sexta-feira, quando se realiza em Santana a Feirinha da Agricultura Familiar que vai ganhando tradição na mesma localidade. Além da apresentação dos Profetas da Chuvas, o evento contará com a presença dos repentistas José de Almeida e Manoel Cruz, poetas que se apresentam todos os dias na Rádio Correio do Sertão.

Esta será mais uma jornada que vem fazendo sucesso em Alagoas, quando homens experientes, observadores da Natureza, expõem seus conhecimentos sobre o futuro das chuvas na região. O evento municipal procura valorizar o homem do campo na sua sabedoria acumulada através de anos a fio estudando a flora, a fauna, a posição dos astros, a maneira de agir do tempo sertanejo. Foi mais uma tentativa que deu certo por parte da Secretaria da Agricultura. A expectativa é grande, tanto pelos habitantes da cidade quanto do homem rural. Aguardamos mais novidades ainda sobre os conhecimentos que virão.

Enquanto isso, a Feirinha da Agricultura Familiar, será naquele dia uma espécie de suporte para os que procuram se alimentar com as comidas de panelas e as guloseimas oriundas do campo. É um momento único que bem poderia constar no calendário turístico estadual. Quem quer perder um acontecimento único e inusitado que não se vê em outros lugares das Alagoas.  As profecias anteriores não trouxeram o excesso d’água nas enchentes do Panema, mas previram a chegada das águas em rio, riachos e riachinhos. O inverno foi bom como foi anunciado no palanque dos Profetas, a despeito das cheias e do Corona.

Que venha a nova edição das profecias para mais uma inolvidável manhã de sexta-feira.

Ponha máscara, se cuide e marchemos rumo ao Bairro do Monumento.

(CARTAZ/DIVULGAÇÃO).

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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