segunda-feira, 3 de outubro de 2022

 

AGRICULTURA MEDITERRÂNEA

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de outubro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.778


Mesmo que você não aprecie o gênero, leia este belo texto.

“Na região mediterrânea clima impõe ao agricultor difíceis condições de produção e de vida; o relevo é, em geral, acidentado, vindo as colinas e montanhas quase até o mar onde se encravam pequenas planícies. O clima apresenta verões secos e longos, e as planícies da Itália, da Espanha e da Argélia são, às vezes, transformadas em campos de cultura irrigada onde se cultivam a vinha, cereais, ou legumes e frutas ou transformadas em campos de pastagem. A cultura de cereais, trigo, centeio sobretudo, embora feita com baixos rendimentos, ocupa grandes áreas; a cultura mais importante, porém, aquela que marca bem a paisagem das vastas planícies e encostas é a da vinha, que contribui para a grande produção de vinho da França, da Itália, da Espanha e da Argélia.

Tem ainda grande importância a arboricultura, salientando-se a oliveira, o pessegueiro, o abricoteiro (esses dois originários da China) e nas áreas mais quentes a laranjeira e o limoeiro que os árabes introduziram após a invasão muçulmana. O castanheiro e a amendoeira são também árvores típicas do mundo mediterrâneo.

A pecuária é representada principalmente por carneiros, sendo numerosos também os bovinos, os cavalos e os asnos. Como no verão as pastagens da planície secam, costumam os pastores levar o gado para as montanhas, fazendo aquela migração que é conhecida como transumância. Toda a história dessa região está marcada pela luta entre pastores e agricultores.”

ANDRADE, Manoel C. & SETTE, Hilton. Geografia Geral, São Paulo, Brasil, págs.268-269

Mesmo com todas as dificuldades de relevo e clima, você deve ter ouvido falar que a alimentação mediterrânea é considerada a melhor do mundo. E se você gostou da beleza do texto em si, voltaremos, talvez, com os vários tipos de agricultura praticados no Brasil, com os dois extremos: agricultura de plantation e agricultura de roça. Afinal, é o agronegócio que está no momento em evidência em nosso País.  

VINHEDO ESPANHOL PROXIMO AO MAR MEDITERRÂNEO (FOTO: DREAMOSTING.COM)


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domingo, 2 de outubro de 2022

 

 VEIAS E CAPILARES

Clerisvaldo B. Chagas, 3 de outubro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.777


Gravatá, Camoxinga, Tigre, João Gomes e outros mais, irrigam as terras santanenses. São fios d’água temporários ou intermitentes, assim como seu grande coletor, o rio Ipanema. São assim denominados porque escorrem em épocas de chuvas e secam em tempo de estio. Mas a Natureza é muito caprichosa e tudo faz para agradar ao ser humano e que ele nem sempre corresponde. Pois, mesmo na época de estiagem, alguns pontos ao longo desses riachos, formam poços em depressões do leito, quase sempre em lugares de muitas pedras fixas e desgastadas pelas cheias milenares. Grande parte do leito seco é somente monotonia, é verdade, mas os poços das águas que sobram das cheias e encontram lençol freático, quase sempre estão cercadas por belas pedras fixas e lisas e árvores frondosas que ultrapassam facilmente 15, 20 metros de altura, tendo a craibeira como exemplo.

Esses lugares aprazíveis são verdadeiros oásis e servem aos humanos para acampamento, pesca miúda, banho, convescote e retiro espiritual. Não faz tanto tempo assim, tínhamos um retiro espiritual do Movimento Bíblico de Santana do Ipanema, às margens e no leito do riacho Tigre, em Maravilha. Mas o Tigre de Santana do Ipanema também tem seus encantos, sendo riacho de montanhas, além de ser afluente do riacho Camoxinga. Em qualquer um desses fios d’água citados acima, você poderá iniciar um movimento de lazer, sendo bastante confabular com os proprietários das terras porque não encontramos trechos de riachos sem donos.

Foram por esses e outros inúmeros riachos do Sertão que os desbravadores subiram desde o Rio São Francisco até alcançarem o território pernambucano, no caso da Ribeira do Panema, a vila de Cimbres. Eles, os riachos, são faixas alongadas de umidade que proporcionaram a sobrevivência do caboclo nordestino em terras semiáridas; a criação de várzeas, baixios ou baixadas com mais oportunidades de vida para os rebanhos bovinos e ovinos. Enfim, um refrigério para a luta renhida e diária dos que teimaram em produzir. São veias e capilares dos rios coletores que a Natureza providenciou para sustentar os terráqueos. Riachos, arroios, córregos ou “corgos” como suprimem os menos letrados, não importa o regionalismo cultural, mas sim a intimidade perene entre o homem e o meio.

POÇO DO JUÁ NO RIO IPANEMA, AO FUNDO. (FOTO: B. CHAGAS).


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