UM BARÃO EM SANTANA (Clerisvaldo B. Chagas. 5.9.2009) Santana do Ipanema , no sertão de Alagoas, sofreu e sofre do mesmo mal de out...

UM BARÃO EM SANTANA

UM BARÃO EM SANTANA

(Clerisvaldo B. Chagas. 5.9.2009)

Santana do Ipanema, no sertão de Alagoas, sofreu e sofre do mesmo mal de outras cidades brasileiras no que tange às homenagens com nomes de ruas. As coisas mais absurdas podem ser encontradas facilmente, mas não queremos entrar no assunto para não ferir sensibilidades. Os ridículos encontrados só poderiam achar consertos, caso fossem apagados quase todos os nomes de ruas para uma revisão de alto nível (o que se mostra não viável). Entre os reduzidos casos de justiça, temos as duas principais avenidas: Coronel Lucena e Barão do Rio Branco. No momento, o nosso interesse é para a segunda que, dizendo com certeza, nunca foi explanação para as escolas em geral.

A Avenida Barão do Rio Branco é um trecho curto que vai do centro, próximo à Matriz de Senhora Santa Ana, até o rio Ipanema. Atualmente possui um comércio variadíssimo e vigoroso, onde antes era conhecido como “o corredor dos armazéns”. A placa da avenida não interessa somente a estudantes e a população santanense. José Maria da Silva Paranhos, barão do Rio Branco, é brilhante nome brasileiro e internacional em questões diplomáticas. O barão exerceu o cargo de ministro das relações exteriores no Brasil no período 1902-1912. Foi ele o responsável pela incorporação de mais de 500 mil km2 ao território brasileiro.

Entre os problemas do Brasil com outras nações, destacamos:

Ø A questão de Palmas – Essa foi uma disputa entre o Brasil e a Argentina. Defendida por Rio Branco e tendo os Estados Unidos como árbitro, foi vitoriosa. A disputa era por uma região rica em madeira e erva-mate (1895);

Ø Questão do Amapá – O Brasil disputava com a França, território da Guiana Francesa. A Suíça serviu de árbitro, o barão defendeu o Brasil e obtivemos a vitória. (1900);

Ø Questão do Acre (1903) – Brigas violentas entre brasileiros e bolivianos. Houve acordo graças a José da Silva Paranhos, já como ministro;

Ø Questão com o Peru (1904) – Aconteceram inúmeros conflitos entre peruanos e brasileiros. Foi o barão do Rio Branco quem negociou a solução do sério problema. Foi fixada a fronteira entre os dois países;

Ø Questão de Pirara (1904) – Aqui foi uma disputa pelo rio Pirara entre o Brasil e a Inglaterra. A Itália fez a arbitragem, o Barão defendeu o Brasil. O resultado foi à divisão do território disputado;

Ø Questão com a Holanda (1906) – Disputa de fronteiras entre Brasil e Guiana Holandesa. Com atuação de Paranhos, chegou-se a um acordo.

Adaptado: COTRIM, Gilberto. História e a consciência do Brasil. 5. Ed. São Paulo, Saraiva, 1997.

Muito mais se poderia dizer sobre esse brasileiro defensor do Brasil. Justíssimo merecimento — um nome de avenida principal no sertão longínquo das Alagoas. Pelo menos temos UM BARÃO EM SANTANA.

LEIA AQUI ENTREVISTA EXLUSIVA, NO PRÓXIMO DOMINGO, CONCEDIDA PELO IDEALIZADOR DO PORTAL “SANTANA OXENTE” EM SEUS DOIS ANOS DE EXISTÊNCIA.

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A RONDA DOS URUBUS (Clerisvaldo B. Chagas. 4.9.2009) Não temos orgulho nenhum sobre o ouro descoberto no Brasil colônia. No sécu...

A RONDA DOS URUBUS

A RONDA DOS URUBUS

(Clerisvaldo B. Chagas. 4.9.2009)

Não temos orgulho nenhum sobre o ouro descoberto no Brasil colônia. No século XVIII, enorme foi à produção aurífera em terras brasileiras. Nem toda a América espanhola conseguiu produzir mais do que o Brasil. Entre os séculos XV e XVIII — estimam os estudiosos — esse metal amarelo extraído por aqui, chegou aos 50% do total produzido no mundo. Acontece que pouco, quase nada ficava em nosso território. O ouro descoberto, principalmente nas Minas Gerais, era rigorosamente fiscalizado e emitido para a Metrópole. Portugal poderia ter sido até uma potência mundial como era a Inglaterra, com o recolhimento do nosso ouro. Entretanto, atolado em dívidas, o país do rio Tejo, repassava sempre para a sua credora acima, única beneficiária real da nossa riqueza. Todos conhecem o caso do Tiradentes. Mesmo assim a intenção dos inconfidentes não era distribuir em obras os frutos do subsolo brasileiro. O governo português também tinha preocupações com as pedras preciosas aqui produzidas, sobretudo os diamantes. Muitos trabalhavam, nos rios, nos cascalhos, em busca das pedras, principalmente escravos trazidos da África. Todos ou quase todos roubavam diamantes. Os escravos, para a compra de comida e da liberdade, conseguiam burlar a vigilância com certa competência. Os padres contrabandeavam diamantes até em imagens ocas, fatos que deram origem à expressão: santo do pau oco. Preocupado com essas coisas, Portugal criou a famosa Intendência dos Diamantes. Esse novo órgão exercia as funções de fiscalizar as explorações e cobrar impostos, além de outras que puniam severamente os infratores. Com tanto rigor sobre as produções brasileiras de ouro e pedras preciosas, o Brasil ia perdendo riquezas e engordando a Inglaterra indiretamente. Mas ainda fica a indagação: se todo esse ouro tivesse ficado teria sido transformado em progresso?

Pulemos, então, dos séculos passados para o século XXI. Pré-sal. Novos recursos são descobertos no fundo da plataforma continental. Como se diz popularmente a água só corre para o mar, a extraordinária extensão petrolífera foi achada logo no Sudeste. A região mais rica do País, formada pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais (este sem litoral), “recebe muito mais água dos rios”. Diante dos quase infinitos benefícios anunciados pelo governo, o cheiro das futuras verbas atraiu as mais diferentes correntes políticas do Brasil. E se os do Sudeste querem fatia maior no bolo gigantesco, os do Nordeste organizam a resistência.

E como cachorro mordido de cobra tem medo de linguiça, ficamos a imaginar se a frenética excitação dos políticos é de fato para beneficiar todos os brasileiros. Olhando direitinho, os espetáculos de Brasília continuam em cartaz no humorismo nacional. Quanto mais a carniça exala, mais atrai hienas, vermes e abutres. Até a águia americana já pousou na Colômbia. Enquanto isso, o bonzinho povo da terra vai espiando o céu azul anil e apenas se diverte com a RONDA DOS URUBUS.