O MUNDO GIRA (Clerisvaldo B. Chagas. 29.1.201) Parece tolice dizer que o mundo gira. Muita gente, porém, nunca ouviu falar sobre esse assun...

O MUNDO GIRA

O MUNDO GIRA

(Clerisvaldo B. Chagas. 29.1.201)
Parece tolice dizer que o mundo gira. Muita gente, porém, nunca ouviu falar sobre esse assunto da Geografia. Em Santana do Ipanema, lá para as bandas do Sertão alagoano o filho de “Chica Boa” decorava bem essa aula espacial. Beberrão e servente de recados, ”Giramundo”, sem inimigos aparentes, batia o chão da cidade andando mais do que a besta de “Zé Urbano”. Vez em quando Giramundo desaparecia, mas sempre retornava ao lugar da velha doceira da porta do cinema. Ao contrário de Giramundo, pessoas escoladas, tido mesmo como sabidas, tem uma noção quase perfeita dos movimentos planetários. Mas é que, chegada à hora do uso, a sabedoria põe uma venda. Muitos são surpreendidos, então, pelo giro da Terra, ou seja, pelo giro da vida. Os que mandam, os que perseguem, os que semeiam pedras, não raramente são levados para a parte baixa. A parte baixa, tanto pode ser a mola impulsora para cima, quanto à expiação dos que estavam acima. Ô... É complicado? Bem, aí é outra história. Estão usando agora essa palavra para novas funções. Mas isso não impede o giro do mundo como estávamos dizendo. E os simples entendem. E os arrogantes não conseguem o entendimento porque a eles não lhes foi dado compreender.
Mas também existem outros giros que intrigam os pesquisadores. Muitos brasileiros deixam a terra natal e se aventuram pelo mundo, enfrentando os obstáculos do estrangeiro. Inúmeros não querem mais voltar, Outros querem e nunca podem, morrendo em terras estranhas. Mas o que estar acontecendo com os nossos craques? Foram aos paraísos da fama, da riqueza, do alto luxo (nem sabemos como conseguem gastar tanto dinheiro que adquiriram com o suor do rosto). Então, por que o Adriano retornou ao Brasil da violência do Rio? Qual o verdadeiro motivo da volta de Ronaldo? Quais os sentimentos que trouxeram Wagner Love? Por que Roberto Carlos preferiu São Paulo? E a fama? E o luxo? E os carrões? Por que fugir das platéias civilizadas da Europa? Por que tanta gente boa de bola abandona aqueles estádios e reiniciam no Brasil?
Será que estamos diante de um novo fenômeno de volta da emigração também de jogadores de futebol? Queremos dizer, de volta em massa, depois desses quatro. Aliás, cinco, para falar apenas nos mais conhecidos. Robinho vem aí. Quando retornarão Ronaldinho e Kaká? Será que acontecendo um êxodo ao contrário, jogadores europeus também procurarão o Brasil? Nunca houve uma crônica com tantas interrogações.
Pulando dos grandes para os menores centros: como vai o Ipanema na luta pelo título alagoano? Vamos girar essa roda e torcer para que o “canarinho” vá para cima. Ora! Vamos conversando as amenidades de fim de semana. Conversa de bar também faz parte da web. E uma cerveja geladinha... Vale o esforço dos dias anteriores. Conversando miolo de pote... Gira o mundo; mundo com Giramundo... O MUNDO GIRA.



UMA CASA ABENÇOADA (Clerisvaldo B. Chagas. 28.1.2010) Sabemos que o maior driblador do mundo em todos os tempos foi o Garrincha. Um mág...

UMA CASA ABENÇOADA

UMA CASA ABENÇOADA

(Clerisvaldo B. Chagas. 28.1.2010)

Sabemos que o maior driblador do mundo em todos os tempos foi o Garrincha. Um mágico da bola que fazia vibrar as multidões. Todavia temos outras lembranças gratificantes que ficaram gravadas nas fases criança e adolescência. São coisas simples que ornam a vida das pessoas sensíveis. As cenas do cotidiano que dão material ao guri para os escritos de amanhã. O alimento da alma que faz a diferença entre artistas e comuns. Lembramos das criaturinhas de Deus, criadas para alegrar o homem. São os pássaros que povoam o mundo com suas particularidades regionais e das próprias espécies, porém, com as mesmas finalidades da música que acalma os nervos. Alguns passarinhos ganharam fama nas lendas do povo sertanejo. A lavandeira, por exemplo, presente no meu romance inédito Fazenda Lajeado, “enquanto os judeus riam ao maltratarem Jesus, a lavandeira lavava os paninhos ensaquentados de Nosso Senhor”. No Sertão não se mata lavandeira por causa dessa lenda. Já o bem-te-vi, também presente naquelas páginas, não tem bom conceito com o povo. “Quando Jesus Menino fugia para o Egito com Maria e José, os soldados perguntavam se haviam visto essas pessoas. O povo negava, mas o bem-te-vi dizia no seu canto: bem que vi! Bem que vi! Outro pássaro, por nome de anum (tem o preto e o branco) é difícil de ser atingido, porque pula para cima tantas vezes venham balas; daí a expressão popular de advertência para quem quer fazer o que não pode: quem tem pólvora pouca não atira em anum. O joão-de-barro e a maria-de-barro constroem suas casas voltadas para o nascente prevendo um ano sem chuvas. O casal trabalha a semana toda e descansa aos domingos.
Conversando com certo eletricista que trocava uma caixinha de energia na minha casa, aprendi mais. Falei a ele que um casal de garrinchas fez ali o seu ninho, colocou os ovos e levou os pelocos. Ninguém mexeu com eles. Fiz ver o tempo de criança quando esse pássaro saltitante, marrom claro, empinado, nervoso e alegre, fazia seus ninhos nas biqueiras da casa de meu pai. Sempre gostei de garrinchas. Mas outros animais como vários marimbondos se arrancharam em minha casa, fizeram seus ninhos e levaram seus filhotes. Nunca os expulsei nem eles atacaram nem a mim nem aos visitantes. Foi quando o eletricista disse: “Professor, a casa onde a garrincha tem guarida é uma casa abençoada. Meus avôs já diziam e minhas bisavós também. Deus está presente na casa e a garrincha é como um enviado de Deus para confirmar a benção”. Lembrei da proteção divina à morada de meu pai. Senti que a minha casa também era abençoada; apenas confirmamos a crença popular. Aprendi mais essa sobre as observações da nossa gente.
Histórias que o povo conta a respeito de aves e pássaros sertanejos enriqueciam somente o folclore do País; atualmente, muitas dessas histórias são comprovadas através de estudiosos do assunto. Torça meu caro internauta, para que uma garrincha procure a biqueira da sua residência. Acredito sim, numa CASA ABENÇOADA.



UM SAPO SE DIVERTE (Clerisvaldo B. Chagas. 27.1.2010) Para os professores da ESSER, em particular à Profª Mª Cledilma Costa. Quando em...

UM SAPO SE DIVERTE


UM SAPO SE DIVERTE

(Clerisvaldo B. Chagas. 27.1.2010)
Para os professores da ESSER, em particular à Profª Mª Cledilma Costa.

Quando em Santana do Ipanema só havia pequenas escolas particulares ou dos governos, trabalhavam até a antiga 4ª série primária (hoje, 4ª do Fundamental). A primeira escola grande que surgiu no Município era particular e funcionava até a 8ª série. Com o nome de “Colégio Santanense”, foi fundado o estabelecimento no ano de 1934, à Rua Benedito Melo (Rua Nova) nº 281. Conduziu esse colégio o Prof. Flávio Aquino de Melo, substituído depois pelo futuro escritor Floro de Araújo Melo que cerrou as suas portas em 1940. O Grupo Escolar Padre Francisco Correia, lecionando somente até a 4ª série, foi fundado em 1938, trabalhando assim paralelamente ao colégio particular durante dois anos. Uma vez extinto o Colégio Santanense, Santana passou mais dez anos sem o ensino da 5ª a 8ª. Quando o Ginásio Santana chegou ─ 1950 ─ teve início o tão desejado Curso Ginasial que iria trabalhar da 5ª a 8ª série.
Além de tantas coisas a respeito do Ginásio, era costume acontecer formaturas e excursões de final de ano. Em uma delas, uma turma de 8ª foi conhecer a capital da Bahia, conduzida pelo motorista senhor José Gomes, mais conhecido como “Sapo”. José Gomes, sujeito paciente e querido por todos, gozava de ótima capacidade pardalesca. Uma espécie de cientista sem incentivo. Ao retornar a excursão, cada um que contasse entusiasmado a resenha da viagem onde jorravam as gargalhadas com as situações vividas. Falaram sobre um paliteiro que ninguém soube como puxar o palito. Disseram sobre um colega que de posse do cardápio pediu um copo de “leitão”. E coisas e mais coisas que se passaram no hotel, na praia, no comércio... A que mais chamou a atenção foi à coincidência no trânsito de Salvador. O trânsito estava caótico, os condutores de veículos nervosos e a temperatura altíssima. Ao passar por outro carro lotado de estudantes, José Gomes fez uma manobra que não agradou aos baianos. Foi aí quando um deles, vendo a placa de Alagoas, gritou como xingamento: “Volte para sua (A) lagoa, sapo!” E ficou aguardando a reação dos alagoanos que caíram numa tremenda gargalhada coletiva. Ainda hoje os baianos não sabem por que um xingamento transformou-se em festa do outro lado. Era realmente um “sapo” que estava dirigindo. Meu irmão mais velho fez parte da excursão e ria a valer ao lembrar o episódio.
José Gomes, carinhosamente “Sapo”, continua amigo de todos e caladão frequentando as ruas de Santana. O Ginásio ainda existe, porém, não é mais o mesmo. Acho que os costumes de excursões em final de ano são coisas esporádicas. Dessa maneira só resta aos saudosistas a dolorosa mexida no baú do tempo. Se não são fábulas, pelo menos aparentam. De qualquer maneira é assim que UM SAPO SE DIVERTE.