DECIFRAR ENIGMAS (Clerisvaldo B. Chagas. 12.3.2010) Ainda na década da ditadura getulista, eram nomeados governadores e prefeitos (estes,...

DECIFRAR ENIGMAS

DECIFRAR ENIGMAS

(Clerisvaldo B. Chagas. 12.3.2010)

Ainda na década da ditadura getulista, eram nomeados governadores e prefeitos (estes, chamados antes de intendentes). Nessa época difícil em que chefes do Executivo entravam e saíam a toda hora, o povo observava com grande indiferença o movimento político local. Foi assim que chegou a Santana do Ipanema o senhor Pedro Gaia, nomeado prefeito. Viera de Palmeira dos Índios e iria tomar posse no dia 28 de julho de 1938. Houve ainda discursos de meia dúzia que procurava mais beber do que outra coisa. Acontece que a indiferença popular transformou-se em entusiasmo com a notícia que chegou sobre a morte de Lampião, Maria Bonita e mais nove sequazes. O que iria ser para Pedro Gaia apenas um acontecimento corriqueiro celebrado na cúpula política, ganhou dimensão nacional imediata e até internacional. Esse foi o dia em que a “Rainha do Sertão” teve seu nome nas páginas de todos os jornais do mundo. Um caso de transformação do rotineiro para a felicidade, muito embora quando uma coisa é boa para uns é ruim para outros; quer dizer, dia de horror para o cangaço em Angicos, fazenda sergipana.
A visita do presidente Lula a ilha de Fidel Castro, rodou ao contrário do dia do empresário Pedro Gaia. Aplaudido com êxito por onde passou Lula com certeza pensava no sucesso que faria em Cuba. Motivos não faltavam para essa afirmação, tanto políticos quanto econômicos. Brasil hoje é garantia para Raul Castro que procura apoio visando sair do isolamento imposto pelos Estados Unidos. O caso do dissidente Zapata, (o da greve de fome), entretanto, aguardava o presidente brasileiro como uma arapuca bem armada na coincidência da morte do prisioneiro. Água fria na fervura. Da boca do nosso governante só saiu besteira por causa do momento infeliz daquele dia. Não podia fazer feio diante de Fidel e Raul. Lula conseguiu escapar dos dois dirigentes socialistas, mas não bateu bonito perante a opinião pública internacional. Lembram-se do caso de Jesus quando lhes quiseram pegar com a pergunta sobre imposto? “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Lula falou e disse asneira. Se tivesse calado teria sido ainda pior. No sertão nordestino é comum se dizer: “Hoje pisei em rastro de corno”. Como pernambucano é bem capaz do presidente ter citado a frase aos assessores. Uma coisa boa para a ruim.
Finalmente o terceiro caso. Esse não veio do ruim para o bom e nem do bom para o ruim. As duas situações vieram juntas. Aconteceu na posse do novo presidente chileno, Sebastián Piñera. O homem teve a felicidade de ser eleito, passa por uma situação terrorista com terremotos e tsunamis e, em pleno dia da posse, novos e fortes tremores no Chile. É como o aniversariante de 29 de fevereiro. O que presume esse marco na administração futura de Sebastián? Pedro Gaia pulou para o agradável; Lula caiu da escada e Sebastián irá governar entre a ciência e a superstição. Desejamos um ótimo final de semana aos nossos leitores internautas para que não tenhamos de DECIFRAR ENIGMAS.

O ÚLTIMO VAGÃO (Clerisvaldo B. Chagas. 11.3.2010) Os derradeiros massacres acontecidos na Nigéria fazem o mundo religioso refletir nessa ...

O ÚLTIMO VAGÃO

O ÚLTIMO VAGÃO

(Clerisvaldo B. Chagas. 11.3.2010)

Os derradeiros massacres acontecidos na Nigéria fazem o mundo religioso refletir nessa quaresma. Foram 528 cristãos trucidados a facão, incluindo homens, mulheres, crianças e bebês. Esse massacre foi praticado por pastores muçulmanos em grupo de 400 a 500 pessoas, diz a Imprensa. Depois dos golpes as vítimas foram queimadas, caracterizando uma ação fria com planejamento. Nós que nos preocupamos com a violência das grandes cidades brasileiras, temos a atenção voltada para mais uma barbárie do século XXI.
A República Federal da Nigéria, estar localizada no oeste da África, banhada pelo oceano Atlântico, no denominado golfo de Guiné. Esse território acha-se dividido em 36 estados e tem como capital a cidade de Abuja. Pode-se dizer que a Nigéria é hoje uma potência regional e possui uma população de mais de 184 milhões de habitantes, a maior da África. Além disso, representa também a maior população negra do mundo. Sua economia cresce assustadoramente e é projetada para ser a 11ª do mundo no futuro de 2050. Os números indicam a Nigéria para superar a população dos Estados Unidos, pois os muçulmanos não aceitam o planejamento familiar. Quanto à religião, o país é composto por 50% de praticantes do islamismo e 40% do cristianismo. Sua língua oficial é a inglesa e a Nigéria possui mais de 250 grupos étnicos distribuídos em terras de colinas e planalto na região central e terras baixas e áridas ao norte. Se formos falar sobre sua economia, vamos apontar a base no petróleo que vem encontrando problemas de ataques em suas instalações. Mas a Nigéria também produz outros minerais como o carvão e o estanho. Na Agricultura o país aparece como produtor de amendoim, milho, sorgo, inhame, mandioca, cacau, óleo de palma e cana-de-açúcar. Conhecemos a Nigéria, em tese, pelos atletas que triunfam nas corridas de ruas destaques do Brasil. Entretanto, o país tem a terceira indústria cinematográfica do mundo, perdendo apenas para a dos Estados Unidos e a da Índia. Mas, apesar de tudo que foi dito, existe uma pobreza absoluta na maioria da sua população.
Sobre o último massacre acontecido, mesmo tendo vindo dos pastores muçulmanos a agricultores cristãos, um bispo local não atribuiu o caso a problemas religiosos; tanto é que o Papa, ao condenar o ataque, não se referiu às religiões. Mesmo assim parece provável que esses conflitos sejam religiosos e étnicos. As diversas etnias tem como importantes os Hauçás, Igbos e Iorubás. Ultimamente surgem novos grupos armados atacando instalações petrolíferas e fazendo reivindicações de direitos. Mesmo assim a Nigéria vai em frente, apesar de parecer que cada etnia tem um deus particular. É o mundo que acelera o vagão da frente e exibe tristemente O VAGÃO DE TRÁS.

CONHECENDO O SERTÃO (Clerisvaldo B. Chagas. 10.3.2010) Uma vida inteira dedicada à Geografia esbarrava em várias situações interessantes....

CONHECENDO O SERTÃO

CONHECENDO O SERTÃO

(Clerisvaldo B. Chagas. 10.3.2010)

Uma vida inteira dedicada à Geografia esbarrava em várias situações interessantes. Quando resolvíamos pesquisar em outros municípios, a preferência caía sempre em cidades banhadas por rio ou pelo mar. Atuando em inúmeras escolas de Santana do Ipanema, a opinião comparativa era sempre a mesma. As campeãs dos destinos de excursões foram seguidamente as dos acidentes geográficos citados. O lazer sempre esteve por trás das intenções da pesquisa em 99% dos casos. Pouco adiantava o argumento do professor sobre o conteúdo. Assim existiu sempre um círculo vicioso em todas as escolas de Santana em cima do tripé: Maceió, Xingó e Paulo Afonso. Depois vinha Penedo e só. Lembramos que, como rara exceção, fizemos um levantamento sócio-econômico na cidade de Ouro Branco que foi um sucesso absoluto.
Se a preferência dos alunos é pelos acidentes citados, isso quer dizer que não existe interesse nenhum do jovem conhecer cidades sertanejas sem rios perenes. Citando Santana do Ipanema como exemplo, é grande o número de santanenses que não conhece Mata Grande, Inhapi, Poço, Maravilha, Canapi, Santa Cruz do Deserto e assim por diante. É que esses municípios, para Santana, são chamados de contramão porque não ficam na linha Santana-Maceió. Assim o santanense nasce, cresce, morre e deixa de conhecer sua vizinhança. Assim é com Santana em relação à Palmeira dos Índios, contramão fora do eixo Palmeira-Maceió. Ora, se nós alagoanos, adultos e estudantes, não conhecemos municípios circunvizinhos, imaginem em relação às 102 cidades localizadas em diferentes regiões. Como amar Alagoas se conhecemos apenas oito ou dez cidades? Em se tratando especificamente do Sertão, nunca soube de projeto nenhum que levasse a nossa juventude a visitar, pesquisar e conhecer os nossos municípios sertanejos. Os prefeitos, através de seus departamentos de Educação e Cultura sempre foram omissos nesse sentido. Existe uma desunião histórica em solo sertanejo, que permite a manipulação governamental pelo desprezo à região. Mas a culpa não é só de governadores. A culpa maior é da individualidade enraizada de cada governante municipal. O Sertão nunca teve força política porque é desunido. Se a palavra não for essa, é acomodamento no cargo que isola o indivíduo. Inúmeros pontos poderiam ser citados aqui como o item do início, mas citemos apenas o caso do Hospital Regional de Santana. Se o Sertão estivesse coeso aquela unidade já estaria funcionando e servindo a quinze ou vinte municípios. Mas o que lemos por aí são as trocas de acusações de desinteresse e de individualidade. Precisamos de uma política sertaneja para estimular visitas mútuas divulgadoras da História, da Geografia, da Cultura, da gastronomia e encanto de cada uma das cidades alagoanas distantes do mar. Hum! Como tem coisas para serem ditas, pesquisadas e amadas. Se as escolas não estimulam às visitas e os prefeitos não despertam para o assunto, as nossas vizinhas serão apenas ilustres desconhecidas para nós e nós para outras co-irmãs. Hoje só os vendedores estão CONHECENDO O SERTÃO.