VIRANDO FUXICO (Clerisvaldo B. Chagas, 25 de agosto de 2010)           Sem telefone fixo e Internet no apartamento, vou ficando aborrecido...

VIRANDO FUXICO

VIRANDO FUXICO
(Clerisvaldo B. Chagas, 25 de agosto de 2010)

          Sem telefone fixo e Internet no apartamento, vou ficando aborrecido com a prestadora ou imprestadora de serviços. Cuidando de legítimos outros interesses, vou perdendo contato com meus trabalhos publicados. Passo a enviar as crônicas através de terceiros que as conduzem em pen-drives. Eles as enviam das suas repartições para o blog, para os portais Santanaoxente e Maltanet. Quero me comunicar com o Malta e “João Neto de Dirce, mas não tenho os seus telefones na minha agenda. Aí veja compadre, como são as coisas no Brasil. Através de amizade, funcionário de certa empresa promete que vem ligar o aparelho, consequentemente a Internet. Pede para que fiquemos calados, sem dizer para os demais vizinhos que por certo também iriam querer o privilégio obrigatório. O cabra marca para as catorze horas, deixa-me aguardando até as dezessete para dizer que não vem mais. A empresa acaba, diz ele, de receber  certa resolução que impede a sua vinda. Inventaram para lá um calendário diferente, de modo que somente em torno do dia trinta essa ligação poderá ser feita. Agora nem por cima, nem por baixo do pano. E a Justiça, o PROCON e o jeitinho brasileiro não resistem as manhas da inrespeitável empresa. Quem acredita nesse tal dia trinta? No final de semana estarei na terrinha para examinar a caixa de correspondência.
          Recebo não boas notícias sobre um derrame que teria sofrido a esposa de um dos muralistas do Portal Maltanet. E como não posso ter certeza no momento, não publico o nome, mas vamos ajudar com orações.
          Quanto a essas companhias que vão engolindo umas as outras, parecem carregar a paranoia do lucro fácil e rápido, meta de todos os ambiciosos. Transportam o sádico prazer do mau atendimento, da indiferença e da certeza de que o castigo pequeno é lucro. Esquematizadas dentro de brechas de leis, de impunidades, de corrupção ativa e de cansaço do poder público, vão levando as economias de milhões de brasileiros através de serviços “marca peste”, como fala irritado o sertanejo alagoano. Muitas são estrangeiras que vem com um título à frente e o tenebroso conteúdo atrás. As listas de reclamações do Brasil inteiro demonstram esse infame descaso com o usuário. Causam-nos espanto e incredulidade, medidas radicais tomadas em países diferentes do nosso. Mas dizem que “remédio para um doido é doido e meio”, expressão que vem desde os tempos dos nossos avôs. E assim essas devoradoras da economia do povo quase sempre se dão mal diante de um martelo muito mais firme. Ante o escancarado desmando, o trabalhador vai se sentindo cada vez mais lesado, com sensação de ser apenas mais um palhaço diante da bocarra do estrangeirismo. Ê, comadre Salete, já nos viciaram na Internet, mulher! Quando ficamos sem ela a impressão é péssima. Ainda bem que o cronista não marcou reunião com os amigos da Cultura aí em Santana. O que acha Paulo Fernandes? Continue divulgando nossas crônicas no seu site “Tangará”; Jornalista Antonio Noya em suas revistas e, o site “Besta Fubana”, para o Brasil inteiro. O nosso mural de recados continua em aberto. E como diria o colega, amigo e empresário Juarez (Bêinha), vamos esperar que o filho da “foice” venha fazer minhas ligações. Afinal, comunicação sem a web vai VIRANDO FUXICO.

PAUTAS NEGATIVAS (Clerisvaldo B. Chagas, 24 de agosto de 2010)      Os duelos políticos deveriam acontecer apenas nos dias que antecedem as...

PAUTAS NEGATIVAS

PAUTAS NEGATIVAS
(Clerisvaldo B. Chagas, 24 de agosto de 2010)

     Os duelos políticos deveriam acontecer apenas nos dias que antecedem as eleições. Não temos certeza de que o prolongamento desses embates acontece em todos os municípios brasileiros. Mas no Nordeste, principalmente no interior, desprezo e investidas contra administrações se avolumam. Essa estranheza que se torna bastante particular, vai prejudicando em volume incalculável a população local. As obras construídas com a escassa verba pública, vão sendo abandonadas ao sabor do esquecimento, da manutenção e dos malfazejos, propositadamente. Assim os novos gestores públicos encontram uma forma mesquinha, anticívica, egoísta e criminosa de vingança aos que lhes fazem oposição. Isso custa caro ao País e ao povo do Município. Os próprios pesquisadores sentem dificuldades nos seus trabalhos de esclarecimentos à posteridade. Como pesquisar em logradouros sem placas, em repartições sem fachadas, em monumentos mudos? Carência de tintas, sumiço de documentos, fontes de pesquisas mascaradas, vão se avolumando nos bastidores da história. Não podemos afirmar que esses atos insanos sejam exclusividade contemporânea.
     No governo de André Ferreira da Silva, 1919-21, sexto intendente da vila de Sant’Ana do Ipanema, foi homenageado o imperador D. Pedro I. Na primeira praça que se tem notícia da história da urbe, é construído um obelisco e ali colocado o busto do imperador. A pracinha ficava no centro comercial, hoje denominado praça e Largo Senador Enéas Araújo. Já no final do seu governo, a intenção de André Ferreira era festejar e marcar os cem anos da Independência do Brasil. O obelisco e o busto foram inaugurados no ano seguinte, já no governo do sétimo intendente, capitão Manoel dos Santos Leite, quando Santana iniciava o período de cidade. No dia 7 de setembro de 1922, foi descerrada uma placa de mármore doada pelo povo. As duas bandas da cidade animavam o evento, a Filarmônica Santa Cecília (Carapeba) fundada em 1908 e a Filarmônica Santanense (Aratanha) fundada no início de 1922 exclusivamente para esse ato importante. A partir daí, a pracinha foi batizada com o nome de Praça do Centenário. Em torno de vinte anos depois, na gestão de Adauto Barros, 1942-45, o obelisco foi demolido violentamente e pouca gente sabe aonde  foi parar o busto do imperador e a placa de mármore do povo. Ódio, ignorância, egoísmo, truculência e falta de respeito ao Município e ao Brasil, continuam desfilando no interior do Nordeste como nos velhos tempos das botas dos coronéis. Quando não queimam a triste energia negativa por cima, devastam por baixo a própria dignidade de quem já não encontra o que oferecer à sociedade em que vive. Se um mil não enxergam, tem sempre dois olhos que acusam as manobras asquerosas dos filhos da PAUTA NEGATIVA.

SEU QUEIRÓS (Clerisvaldo B. Chagas. 23 de agosto de 2010)           Estamos montados nos 102 anos de fundação da primeira banda musical de...

SEU QUEIRÓS

SEU QUEIRÓS
(Clerisvaldo B. Chagas. 23 de agosto de 2010)

          Estamos montados nos 102 anos de fundação da primeira banda musical de Santana do Ipanema. Foi no dia 22 de novembro de 1908 que o coletor federal Manoel Vieira de Queirós presenteou Santana. Nesta data foi criada a “Filarmônica Santa Cecília” que logo passou a injetar vida nova nos talentos da terra. Para uma vila que se desenvolvia sob os olhares da avó do Cristo, faltava um empreendimento cultural de grande porte. E naquele meio rude, entre religião, comércio, agropecuária e mandacarus, começa a desfilar garbosamente a briosa de “Seu Queirós”. O maestro logo angariou respeito e fama nessa tarefa tão bonita quanto espinhosa de lidar com instrumentos e homens. Assim vão sendo convocados, sapateiros, marceneiros, comerciantes, artesãos e logo se forma um elenco de músicos sertanejos. Não demorou a que a Santa Cecília recebesse o apelido de “Carapeba”. E a Carapeba sertaneja foi animando ruas, praças, avenidas, preenchendo a alma do povo de felicidade e sonhos imediatos. Eventos políticos, cívicos, religiosos, podiam contar com aqueles caboclos que se revelavam. Com a força e a vontade no sangue, os homens iam vencendo os dias de vila e entraram triunfantes na “década do esplendor”. Santana vila tem a honra de amanhecer cidade sob a mágica batuta de Seu Queirós. Achando poucas suas atividades de coletor e maestro, Manoel ainda funda também o primeiro teatro de Santana. Mas em 2 de dezembro de 1924, faleceu o pai da música de Santana do Ipanema. A cidade emudecida provou que até hoje não soube como pagar ao maestro tanto serviço prestado a nossa terra. A Santa Cecília, contudo, não esmoreceu e continuou a sua trajetória, honrando a determinação do mestre. Mas o vigor da Filarmônica não resistiu aos obstáculos outros que barraram o seu caminho. Infelizmente, no ano de 1926, a Filarmônica Santa Cecília morreu para a sociedade.
          Instrumentos musicais foram parar no museu do Município criado trinta e três  anos após a extinção da banda. Com o passar dos anos, o descaso das várias administrações municipais golpearam o museu até a exaustão. Sentimos falta de inúmeras peças que desapareceram desde quando o museu foi criado na administração Hélio Cabral. Agora com regras impostas de cima sobre o zelo com o patrimônio público, pode ser que haja encorajamento para importantes doações que relutavam sempre. Disfarçadamente vamos procurando uma homenagem póstuma a Seu Queirós e não vamos encontrando. Mesmo assim vale a pena lembrar aos jovens estudiosos da “Rainha do Sertão”, que existiu um homem que teve a coragem de fundar uma filarmônica. Uma filarmônica em um tempo em que a música valorizada era apenas a de pé-de-bode, tambaque e aboio de vaqueiro. Coletor federal, herói santanense, pioneiro da música e do teatro foi SEU QUEIRÓS.