GASTRONOMIA SANTANENSE Clerisvaldo, 11 de B. Chagas setembro de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.179 Aqui...


GASTRONOMIA SANTANENSE
Clerisvaldo, 11 de B. Chagas setembro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.179

Aqui na Massagueira é o pirão de peixe no canal da lagoa Manguaba, em Marechal Deodoro. Em Santana do Ipanema é o cupim da Rua Delmiro Gouveia. Rua comprida, estreita, deixa a sua metade ao longo do rio Ipanema e, a outra metade prolonga-se em tangente até o chamado Bairro São José. Trecho de antiga estrada de rodagem da vila da Pedra a Palmeira dos índios, foi construída pelo coronel Delmiro da Cruz Gouveia. Dividindo seu casario inicial entre parte de baixo e parte de cima, auxilia bem o tráfego empurrando os veículos para o alto sertão coadjuvando a rua principal Pedro Brandão e a Via Expressa do Aterro, na BR-316. Sendo vizinha imediata do Comércio, essa rua plana foi testando a vocação para a gastronomia.
 Então, a Rua Delmiro Gouveia foi se consolidando como Rua dos Restaurantes. Continuam tradicionais e em plena atividade, o Restaurante Zé de Pedro, Biu’s Bar e Restaurante e o Restaurante João do Lixo. Recentemente, foi instalada casa luxuosa do mesmo ramo, mas somente durou alguns meses de funcionamento. Vários outros restaurantes compõem a vida diurna e noturna da cidade, espalhadas por Bairros como o Monumento, Domingos Acácio, Camoxinga e Centro, onde não faltam elogios aos serviços prestados. Ganha assim o santanense, nesse cardápio tão versátil, que ninguém pode colocar defeito. Recentemente restaurantes mais modestos e populares surgem como socorro aos mais apressados em lugares que apresentam novas atrações.
Assim como poderia haver panfletos com os pontos turísticos da cidade, com resumo histórico, não seria ruim um guia gastronômico elaborado em conjunto pelas casas do ramo. Caso fosse distribuído na Rodoviária e em pontos de vans, somente aumentaria a satisfação dos nativos e dos visitantes. Ninguém vive sem comer e sempre tem alguém em busca de um cardápio adequado ao momento. Peixes, carne-de-sol, churrasco, bode guisado, buchada, cupim e outros atrativos, ainda são indicados à base de indagações nas ruas.
Mas se a Rua Coronel Lucena é a Rua dos bancos, a Rua Delmiro Gouveia continua sendo a Rua dos Restaurantes.
Saudade da terrinha.
ESCRITORES CLERISVALDO B. CHAGAS E MARCELLO FAUSTO NO RESTAURANTE ZÉ DE PEDRO. (FOTO: B CHAGAS/ARQUIVO).


“TRÊS MULÉ PRA UM HOME SÓ” Clerisvaldo B. Chagas, 10 de setembro de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 1.178 (FOT...

"TRÊS MULÉ PRA UM HOME SÓ"


“TRÊS MULÉ PRA UM HOME SÓ”
Clerisvaldo B. Chagas, 10 de setembro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 1.178
(FOTO: MARCO ANTÔNIO/SECOM MACEIÓ).
Tivemos oportunidade, finalmente, de conhecer o trecho rodoviário por trás do Quartel do Exército, em Maceió. Inaugurado faz pouco tempo, tinha a finalidade de auxiliar o tráfego intenso da Avenida Fernandes Lima. Gostei bastante do que vi por ali. São essas obras de desafogo que fazem a diferença. Além do objetivo central, a beleza ornamenta o trabalho, tornando o trecho confortável e atraente. Muda-se a paisagem geográfica e, a cidade toma nova dimensão, sempre com um pé no apontado futuro.
Assim o maceioense fica muito alegre quando é anunciada pela municipalidade, mais uma obra de grande monta. Trata-se da retomada da Ecovia Norte que ligará o Bairro Benedito Bentes ao Litoral Norte do nosso estado. A nova rodovia também aliviará a Avenida Fernandes Lima para quem trafega pela parte alta mais distante de Maceió em busca das cidades daquela região. Não mais precisará descer pelo Centro e cortará o trajeto pelo Bairro Benedito Bentes, chegando às praias seis quilômetros após o bairro. Caso tudo corra bem, o término dos trabalhos está previsto para o mês de junho do ano que vem. Segundo divulgação, o desempenho custará em torno de 22 milhões. Forene, Cidade Universitária, Eustáquio Gomes e os veículos que virão da Zona da Mata, serão os mais beneficiados por esse novo corredor de transporte.
A construção da Ecovia Norte vai contar com passeio, canteiro central e pista dupla, igualando-se em beleza com os últimos trechos com as mesmas finalidades, na capital. O desafogo, além da Fernandes Lima, também atingirá a Via Expressa, hoje com tráfego semelhante. Assim, aos encantos naturais da capital de Alagoas (recentemente eleita como a mais bela do Brasil) vão se somando às engenharias ornadas artificialmente.
Como dizia o poeta/compositor e cantor:

“Ô Maceió
É três mulé
Pra um home só...”

O CIDADÃO DA COMPORTA Clerisvaldo B. Chagas, 9 de setembro de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.177 RIO LARGO....

O CIDADÃO DA COMPORTA


O CIDADÃO DA COMPORTA
Clerisvaldo B. Chagas, 9 de setembro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.177
RIO LARGO. (FOTO: IBGE).

Para vê de perto a antiga cidade fabril, Rio Largo, passei ali algumas horas. Fui parar do outro lado do rio Mundaú, onde existia uma espécie de ilha. Ali havia um trecho d’água com uma comporta manobrada por um homem. Fui pedir explicação daquelas coisas diferentes da nossa terra. Na época aprendi uma porção de coisas naquele lugar a 37 km de Maceió. E é bom saber que Rio Largo não é o nome do rio que banha à cidade, por sinal, a terceira de Alagoas. Rio Largo é uma passagem mais larga do rio Mundaú onde antes se localizava um engenho de cana-de-açúcar. O cidadão da comporta indaga de onde sou. Respondo que sou do Sertão. O homem baixa a cabeça, melancólico, diz com muita pena: sempre quis conhecer o Sertão.
Turismo, viagem, passeio, visita, qualquer denominação serve para conhecermos outros lugares. O homem da comporta queria conhecer o Sertão, era sonho da sua juventude, mas já com idade avançada parecia ter perdido as esperanças. Ele não me falou em conhecer a Geografia, a História, a religião, as praças... Falou apenas em conhecer o Sertão. Aquele Sertão onde sua vista começa e alcança, sem nenhuma especialidade, apenas o todo misturado para deleite dos seus olhos. É a tese que derruba o turismo religioso, de parques, trilhas, culturais, praias ou montanhas. “Eu como cidade pequena que nada tenho a oferecer ao visitante, sem saber estou oferecendo tudo”. “Viva à pátria e chova arroz”, mas não tendo arroz, servem a poeira e o cascalho.
“Fazer o bem sem saber a quem”. Conhecer sem escolher também. Um sítio, um povoado, uma rua, uma metrópole, tem muitos encantos, aprendizagens e segredos valiosos para o corpo e para a alma que dependem da disponibilidade e procura de quem deseja. E voltando ao Rio Largo, em um estado repleto de ótimas estradas, deixa o sonho de visitas intermunicipais muito mais perto. Assim você vai alinhavando os desejos de conhecimentos que irão se tornando consistentes e inquebráveis.
Litoral, Mata, Agreste, Sertão, Sertão do São Francisco... Viagem imaginária/viagem real dentro do prisma alagoano de locomoção.
Deixe-me lembrar do melancólico cidadão da comporta...
Todos os lugares da Terra são coisa de Deus.