SERRA DOS MACACOS Clerisvaldo B. Chagas, 28 de janeiro de 2020 Escri tor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.254 SERRA DOS ...

SERRA DOS MACACOS


SERRA DOS MACACOS
Clerisvaldo B. Chagas, 28 de janeiro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.254

SERRA DOS MACACOS, 2013. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).

Você é santanense? Conhece a serra dos Macacos? Pois bem, a citada montanha faz parte do complexo serrano do norte do município. É vista da cidade como um monte comprido e aplainado. Contemplada pela outra face, da ponte do riacho Gravatá, é que o amigo pode se dar conta da sua altura. Vem lá das imediações da cabeça da serra da Camonga (estrada do povoado São Félix) e, transversalmente, morre beirando a BR-316, na entrada da região do sítio Jaqueira. Apesar de se achar bem situada, só vai à montanha quem tem negócio. Até porque não existe um incentivo para que estudantes e outras pessoas conheçam todo o território em que nasceram e só depois conheçam o mundo. Quem sai de Santana ao povoado Areias Brancas, passa na entrada da serra.
O seu nome de batismo se perde no tempo. Vem desde a conquista da região por sertanistas que iam denominando os acidentes geográficos e repassando esse conhecimento. Portanto, serra dos Macacos, era sem dúvidas, uma faixa de terras em que proliferavam os símios. Os termos indígenas de outras serras vizinhas, só perguntando aos das tribos remanescentes dos índios Fulni-ô ou Carnijós de Águas Belas: Gugi e Camonga.
É costume no sertão o recebimento de convites assim: “Apareça no sítio para comer uma galinha de capoeira”. Mas também para comer um preá, uma buchada, um guiné... Foi assim, através de terceiros, que recebi um desses convites para comer um preá na serra dos Macacos.
Não tem cabimento subir uma serra para comer um cavídeo. Porém, interessado em conhecer o lugar e a paisagem serrana, marchei para o cimo da serra com o companheiro. Não vi o cenário que almejava. Andamos por uma trilha carroçável ladeada por exuberante vegetação de caatinga, no lombo da montanha. A casa não ficava tão longe, fomos bem recebidos e saiu o almoço. A carne era preá mesmo. Quando meti os dentes no danado, fiz um esforço medonho para não passar vergonha. Não comi e disfarcei as náuseas nem sei como. Mais tarde desci a montanha arrependido e faminto. Nunca mais subi a serra dos Macacos. Não foi pelo preá bruto, mas por falta de outras oportunidades...
Mesmo assim nunca a chamei de serra dos Preás.

CAPELAS E CAPELINHAS Clerisvaldo B. Chagas, 27 de janeiro de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.253 (Imagem:...

CAPELAS E CAPELINHAS


CAPELAS E CAPELINHAS
Clerisvaldo B. Chagas, 27 de janeiro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.253

(Imagem: lugaresesquecidos.com.br).
Em nosso livro enciclopédia (ainda inédito), sobre a história de Santana do Ipanema, temos páginas dedicadas a todas as igrejas católicas da cidade. O título é “Igrejas e Igrejinhas”, com fotos e históricos. Elas estão espalhadas em quase todos os bairros com diversos tamanhos; as pequenas tendo sido construídas por particulares. Mas também encontramos capelas e capelinhas na zona rural, em sítios e fazendas. Algumas são novas e bem cuidadas, estando em completa atividade. São realizadas missas conforme a ocasião e agendamento com a Paróquia. Mas também encontramos ermidas abandonadas, esquecidas, arruinadas, enforcando a paisagem saudosa e interrogativa.  Vimos ainda ruínas que se parecem com o tamanho do pecado.
Anos após os escritos, em novas visitas, encontramos igrejinha de tantas e tantas festas anuais, sem imagem, funcionando como depósito de carvão. Todavia, não é somente nesse município que surgem capelas abandonadas e outras em ruínas. Basta viajar pela BR-316 para sair assinalando esses pequenos edifícios, perto ou às margens da rodovia, notadamente na região do Agreste. Ali o clima quente e úmido castiga as construções “sem donos” por motivos diversos. Em cada capelinha abandonada ou em ruínas, existe uma história que daria um livro completo cheio de argumentos. Quem seria o pesquisador religioso ou sociólogo disposto a contar essas histórias em documentário monótono ou fantástico? O olhar vindo do automóvel parece captar um socorro cheio de sofrimentos das paredes esqueléticas.
Os fervores antigos foram construindo esses pequenos prédios buscando também o prestígio de cada paróquia. Mas a morte do proprietário rural, não foi preenchida na fé pelos descendentes. Uns venderam as terras, outros abandonaram as ermidas e, mais motivos diferentes também povoam a cabeça do observador.

Igrejinha abandonada
Num cenário tão insosso
Um rosário no cambito
Uns gonzos de ferro grosso
Uma cruz toda roída
Somente o “couro e o osso”.






SANTANA E SUA FEIRA Clerisvaldo B. Chagas, 24 de janeiro de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.252 FEIRINHA EM ...

SANTANA E SUA FEIRA


SANTANA E SUA FEIRA
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de janeiro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.252
FEIRINHA EM SANTANA (FOTO: B.CHAGAS/ARQUIVO).

Continua se segurando a Feira da Agricultura Familiar em Santana do Ipanema. São dois anos da feirinha realizada as sextas, um dia antes da tradicional feira livre da cidade. Idealizada para incentivar a agricultura de roça e assentamentos, o comércio leva aos clientes produtos de qualidade e vai ganhando a preferência dos que procuram opção segura na alimentação. Desde o início o evento das sextas foi apontado para funcionar à Avenida Arsênio Moreira vizinha a Caixa Econômica Federal. Hortaliças, legumes, frutas, pequenos animais, artesanato e demais produtos fazem parte daquele comércio com suas barracas padronizadas. Chama atenção até para os menos exigentes, a limpeza dos pontos de vendas e os arredores. Um contraste com a do sábado.
O movimento das feirinhas é organizado no estado inteiro. Em centros maiores, como a capital, existe a mudança de lugares para prestigiar outros bairros, mas sempre acontecendo com a mesma qualidade dentro de Alagoas.  Além de o cliente levar produto  superior, o incentivo à agricultura de roça gera mais emprego e melhora a economia das famílias envolvidas no projeto. A exemplo dos programas de criação de galinha caipira, abelhas, caprinos e ovinos, o semiárido vai gerando renda e melhorando significativamente o antigo cenário sem expectativa. As vendas para as escolas do governo também têm assegurado o ânimo da agricultura familiar, principalmente quando o pagamento é feito em dia.
Na última vez em que estive na feirinha de Santana do Ipanema, até sanfoneiro animava o ambiente. Sim senhor, sanfona, triângulo e zabumba. O evento semanal tornou-se até ponto de encontro mesmo dos que nada vão comprar. Saí de banca em banca igual a conferente, vendo produtos que há muito não via no mercado. Banha de porco, doces caseiros feitos nos sítios, guloseimas de goma e até garrafinhas de mel de abelha italiana. Diante de uma banca com artesanato de metal deparei-me com o famoso artesão Roninho. Ganhei na hora uma peça bonita e pesada como cortesia.
Viva o homem do campo que produz a nossa alimentação.
Parabéns à Feirinha pelos dois anos de existência.