A VOLTA DOS PIPEIROS
(Clerisvaldo B. Chagas. 26.11.2009)
Assim como foi formada recentemente a fila enorme do feijão, em Santana do Ipanema, Alagoas, a vez agora é dos pipeiros. A fila do feijão que durou semanas, era em busca da garantia do preço para armazenamento na CONAB. Agora, no mesmo lugar da fila do feijão, vemos outra que parece sucuri. Da localidade Largo do Maracanã até perto do Corpo de Bombeiros, bairros Camoxinga e São José, chama atenção fileira de caminhões no trecho da BR-316. Isso virou rotina anual no período de estiagem quando o Sertão e Alto-Sertão sofrem em busca da água, principalmente na área rural. É uma beleza tristonha a fila enorme encostada à calçada da Rua Pancrácio Rocha. Mas isso também faz circular dinheiro nas churrascarias, restaurantes e lanchonetes durante semanas. Apesar de tantas lutas do povo nordestino, o cenário continua com as batalhas de sobrevivência para o homem e sua agropecuária. O governo paga ao pipeiros que adentram estradas e trilhas levando esperanças para o povo sofrido desses rincões. É bem verdade que muita coisa mudou para melhor desde algumas poucas décadas. Estradas asfaltadas por todos os lugares facilitam o deslocamento das pessoas em busca de socorro. Os carros, também chegam às comunidades mais distantes, bem como adutoras que facilitam a chegada da água. Não se vê como no passado, levas de retirantes e pessoas morrendo por causa da sede. Mas, o gado não tem como escapar. Se hoje a água é mais fácil, porém, a comida não. O pasto resseca, fica magro, o dono coça a cabeça e a tragédia chega. Alguns fazendeiros transferem as reses para outras regiões, outros compram bagaço de cana, palma forrageira, mas nem todos podem fazer o mesmo. Por isso escutamos na adolescência um proprietário dizer que no Nordeste estamos sempre começando. No semi-árido, o homem vai progredindo, consegue criar cem reses ou mais, vem à seca e leva tudo. Quando as chuvas retornam o criador reinicia do zero.
Na última atuação dos caminhoneiros, as chuvas chegaram por todos os lugares, deixando os camponeses sem querer mais receber água. Cisternas cheias, barreiros, açudes e chuvas constantes foram motivos de recusa da água. Mesmo assim o governo continuava desperdiçando dinheiro, pois pagava normalmente as viagens acertadas, pelo líquido não mais aceito. Isso foi o que nos contou um dos pipeiros honestos que achava um absurdo receber por serviço não prestado.
Enquanto isso vamos contemplando o novo ciclo da estiagem. A repetição do espetáculo nas ruas de Santana do Ipanema, com esses carros pesados, atrai motoristas de inúmeras cidades vizinhas como Poço das Trincheiras, Maravilha, Ouro Branco, São José da Tapera, Carneiros, Dois Riachos, Olivença e outras mais. Mesmo assim a “Rainha do Sertão” vai colorindo a Avenida Pancrácio Rocha, na BR-316, movimentando a cidade e distribuindo a verba federal pelo comércio sertanejo. Afinal de contas não estamos na Amazônia. E se a chuva não chega, pelo menos vamos comemorar com toda a justiça mais uma VOLTA DO PIPEIROS.
(Clerisvaldo B. Chagas. 26.11.2009)
Assim como foi formada recentemente a fila enorme do feijão, em Santana do Ipanema, Alagoas, a vez agora é dos pipeiros. A fila do feijão que durou semanas, era em busca da garantia do preço para armazenamento na CONAB. Agora, no mesmo lugar da fila do feijão, vemos outra que parece sucuri. Da localidade Largo do Maracanã até perto do Corpo de Bombeiros, bairros Camoxinga e São José, chama atenção fileira de caminhões no trecho da BR-316. Isso virou rotina anual no período de estiagem quando o Sertão e Alto-Sertão sofrem em busca da água, principalmente na área rural. É uma beleza tristonha a fila enorme encostada à calçada da Rua Pancrácio Rocha. Mas isso também faz circular dinheiro nas churrascarias, restaurantes e lanchonetes durante semanas. Apesar de tantas lutas do povo nordestino, o cenário continua com as batalhas de sobrevivência para o homem e sua agropecuária. O governo paga ao pipeiros que adentram estradas e trilhas levando esperanças para o povo sofrido desses rincões. É bem verdade que muita coisa mudou para melhor desde algumas poucas décadas. Estradas asfaltadas por todos os lugares facilitam o deslocamento das pessoas em busca de socorro. Os carros, também chegam às comunidades mais distantes, bem como adutoras que facilitam a chegada da água. Não se vê como no passado, levas de retirantes e pessoas morrendo por causa da sede. Mas, o gado não tem como escapar. Se hoje a água é mais fácil, porém, a comida não. O pasto resseca, fica magro, o dono coça a cabeça e a tragédia chega. Alguns fazendeiros transferem as reses para outras regiões, outros compram bagaço de cana, palma forrageira, mas nem todos podem fazer o mesmo. Por isso escutamos na adolescência um proprietário dizer que no Nordeste estamos sempre começando. No semi-árido, o homem vai progredindo, consegue criar cem reses ou mais, vem à seca e leva tudo. Quando as chuvas retornam o criador reinicia do zero.
Na última atuação dos caminhoneiros, as chuvas chegaram por todos os lugares, deixando os camponeses sem querer mais receber água. Cisternas cheias, barreiros, açudes e chuvas constantes foram motivos de recusa da água. Mesmo assim o governo continuava desperdiçando dinheiro, pois pagava normalmente as viagens acertadas, pelo líquido não mais aceito. Isso foi o que nos contou um dos pipeiros honestos que achava um absurdo receber por serviço não prestado.
Enquanto isso vamos contemplando o novo ciclo da estiagem. A repetição do espetáculo nas ruas de Santana do Ipanema, com esses carros pesados, atrai motoristas de inúmeras cidades vizinhas como Poço das Trincheiras, Maravilha, Ouro Branco, São José da Tapera, Carneiros, Dois Riachos, Olivença e outras mais. Mesmo assim a “Rainha do Sertão” vai colorindo a Avenida Pancrácio Rocha, na BR-316, movimentando a cidade e distribuindo a verba federal pelo comércio sertanejo. Afinal de contas não estamos na Amazônia. E se a chuva não chega, pelo menos vamos comemorar com toda a justiça mais uma VOLTA DO PIPEIROS.
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