terça-feira, 3 de novembro de 2009

O PICOLÉ DE SEU NOZINHO

O PICOLÉ DE SEU NOZINHO
(Clerisvaldo B. Chagas. 4.11.2009)

Firmino Falcão Filho, também chamado “Seu Nozinho (ô)” ou simplesmente Nozinho, foi personalidade importante em Santana do Ipanema. Fazendeiro, comerciante, dono de prédios, chegou a ser prefeito gestão 1947-48. Vindo da Zona da Mata, logo se adaptou bem nessa cidade sertaneja. Entre as suas versatilidades, estava a de brincar o carnaval sozinho. Era o folião solitário que apenas com uma fina máscara percorria as ruas da cidade. No Bairro Monumento, defronte o casarão do Ginásio Santana, do outro lado da rua “Seu Nozinho” abriu uma sorveteria. A nova casa recebeu o sugestivo nome de “Sorveteria Pinguim” e com essa denominação passou muito tempo no bairro. Em 1959, na gestão do Prefeito Hélio da Rocha Cabral de Vasconcelos, foi construído um palanque oficial para o município destinado aos eventos da terra. O lugar escolhido foi a “Sorveteria Pinguim”, na parte superior, uma vez que o terreno daquele comércio pertencia à Prefeitura. Com o forte calor de verão, o ramo do gelo parecia ser bom negócio. E Firmino Falcão Filho passou a vender sorvetes e picolés aos alunos do Ginásio Santana, aos do Grupo Padre Francisco Correia, aos passantes... Aos matutos vindos para a feira do sábado. Quando não havia freguês, caso surgisse um bom conversador, Firmino Falcão Filho puxava os assuntos das suas realizações do tempo de prefeito.
Certa vez eu estava perto do balcão quando chegou um campesino querendo picolé. “Seu Nozinho” abriu a tampa do depósito, o homem escolheu rápido pelas cores e logo estava com um picolé verde-folha às mãos. Chupou o picolé, mordeu, mastigou e perguntou ao comerciante de que era feito aquele verdão. “Nozinho” não contou conversa e respondeu: "De folha de catingueira”. O matuto olhou de lado, fez cara feia e saiu resmungando. Logo apareceu um rapaz querendo a mesma coisa. Pegou o picolé, passou a língua, e perguntou de que era. “Seu Nozinho”, falou brincando ou não: “Você que estar chupando não sabe, quanto mais eu”.
Eleições no interior é uma festa. Muitas coisas acontecem em todos os lugares, inclusive comentários incríveis. Meses depois de uma delas haver sido realizada, eu conversava com um senhor do pé da serra. Ele me falava de uma fila enorme que havia sido formada no centro de Santana para receber notas de cem, novinhas em folha. Deixamos o assunto de lado e começamos a contar casos humorísticos. Depois que ele contou várias passagens, eu passei para ele o caso dos picolés. O matuto, ao invés de gargalhar, olhou-me admirado, pensou um pouco e voltou imediatamente a sua cabeça, o caso da eleição. Apenas cruzei as pernas e mostrei indiferença quando o caboclo rebateu filosofando: “Ah, quer dizer, então que aquela fila enorme da gota serena, era apenas para receber O PICOLÉ DE “SEU NOZINHO”.

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