A RAINHA DO RIO
(Clerisvaldo B. Chagas. 13.11.2009)
Estamos no semi-árido alagoano, em época de estiagem. É tempo em que o viajante se depara com um cenário nada animador. A caatinga original ou mesmo a capoeira muda completamente a coloração passando dos matizes verdes para a cor cinza, feia, monótona, sapecada. Com a perda da folhagem o mato fica mais feio ainda, apresentando a terra esturricada. Tremendamente esquelético os garranchos parecem representar fielmente as últimas esperanças dos viventes sertanejos. Nos lombos dos montes os granitos esbranquiçados assemelham-se às feridas abertas a doer nos vegetais. Em diversos lugares do campo não se vê mais animais selvagens, com raras exceções. Uns morreram outros fugiram ao rigor da natureza. A produção de frutos é interrompida, os passarinhos desaparecem e a paisagem fica morta. O silêncio toma conta das capoeiras, somente quebrado quando passa a resistente lagartixa, o nervoso calango ou mesmo o vento morno dando lapadas nos galhos finos. Entra uma tristeza funda no coração de quem vive da terra; de quem ama o semi-árido; de quem poetiza as montanhas. É, porém, nessa ocasião tão desfavorável que, isolada ou em grupos aparece a craibeira.
Árvore sertaneja de alto porte, linda e elegante, contrasta na paisagem vestida inteiramente de amarelo vivo, a Craibeira. Sua floração acontece em novembro/dezembro, quando é encontrada em plena nobreza nas areias salinas dos riachos sertanejos. Dizem que sua ótima florada é sinal de bom inverno no ano seguinte. Falam também que onde tem craibeira tem olho d’água. Essa árvore serviu muito ao sertanejo cooperando com várias peças nas confecções de carros de bois. É bruta e nobre ao mesmo tempo. Com muita justiça a Craibeira foi declarada a árvore símbolo de Alagoas no governo Geraldo Bulhões.
Para nós sertanejos isso não deixa de ser motivo de orgulho, pois entre tantas outras árvores do Agreste, da Zona da Mata, do Litoral, o título ficou com a nossa craibeira.
Quem vem do mar em direção ao sertão alagoano, encontra a craibeira, principalmente, ao entrar no semi-árido. Por Palmeira dos Índios, a partir da fronteira (não rigorosa) do rio Traipu, imediações da cidade Estrela de Alagoas. Vindo por Arapiraca, também a partir desse rio, entre os municípios de Jaramataia e Batalha. Em Santana, encontramos craibeira em ruas, na periferia, no rio Ipanema, nos riachos Camoxinga, Gravatá e outros, tanto isoladas quanto agrupadas; um espetáculo impagável.
No meu livro paradidático (primeira incursão a pé das nascentes a foz do rio Ipanema) intitulado IPANEMA UM RIO MACHO, eu digo que não encontrei nenhuma árvore mais elegante, bonita e majestosa de que a craibeira. Mesmo tendo sido no mês de janeiro, ainda registramos bela floração. Ela sozinha domina a paisagem, parecendo uma noiva entrando na igreja, mas toda de amarelo. Foi por isso que lhe dei o pomposo título de “RAINHA DO RIO”.
(Clerisvaldo B. Chagas. 13.11.2009)
Estamos no semi-árido alagoano, em época de estiagem. É tempo em que o viajante se depara com um cenário nada animador. A caatinga original ou mesmo a capoeira muda completamente a coloração passando dos matizes verdes para a cor cinza, feia, monótona, sapecada. Com a perda da folhagem o mato fica mais feio ainda, apresentando a terra esturricada. Tremendamente esquelético os garranchos parecem representar fielmente as últimas esperanças dos viventes sertanejos. Nos lombos dos montes os granitos esbranquiçados assemelham-se às feridas abertas a doer nos vegetais. Em diversos lugares do campo não se vê mais animais selvagens, com raras exceções. Uns morreram outros fugiram ao rigor da natureza. A produção de frutos é interrompida, os passarinhos desaparecem e a paisagem fica morta. O silêncio toma conta das capoeiras, somente quebrado quando passa a resistente lagartixa, o nervoso calango ou mesmo o vento morno dando lapadas nos galhos finos. Entra uma tristeza funda no coração de quem vive da terra; de quem ama o semi-árido; de quem poetiza as montanhas. É, porém, nessa ocasião tão desfavorável que, isolada ou em grupos aparece a craibeira.
Árvore sertaneja de alto porte, linda e elegante, contrasta na paisagem vestida inteiramente de amarelo vivo, a Craibeira. Sua floração acontece em novembro/dezembro, quando é encontrada em plena nobreza nas areias salinas dos riachos sertanejos. Dizem que sua ótima florada é sinal de bom inverno no ano seguinte. Falam também que onde tem craibeira tem olho d’água. Essa árvore serviu muito ao sertanejo cooperando com várias peças nas confecções de carros de bois. É bruta e nobre ao mesmo tempo. Com muita justiça a Craibeira foi declarada a árvore símbolo de Alagoas no governo Geraldo Bulhões.
Para nós sertanejos isso não deixa de ser motivo de orgulho, pois entre tantas outras árvores do Agreste, da Zona da Mata, do Litoral, o título ficou com a nossa craibeira.
Quem vem do mar em direção ao sertão alagoano, encontra a craibeira, principalmente, ao entrar no semi-árido. Por Palmeira dos Índios, a partir da fronteira (não rigorosa) do rio Traipu, imediações da cidade Estrela de Alagoas. Vindo por Arapiraca, também a partir desse rio, entre os municípios de Jaramataia e Batalha. Em Santana, encontramos craibeira em ruas, na periferia, no rio Ipanema, nos riachos Camoxinga, Gravatá e outros, tanto isoladas quanto agrupadas; um espetáculo impagável.
No meu livro paradidático (primeira incursão a pé das nascentes a foz do rio Ipanema) intitulado IPANEMA UM RIO MACHO, eu digo que não encontrei nenhuma árvore mais elegante, bonita e majestosa de que a craibeira. Mesmo tendo sido no mês de janeiro, ainda registramos bela floração. Ela sozinha domina a paisagem, parecendo uma noiva entrando na igreja, mas toda de amarelo. Foi por isso que lhe dei o pomposo título de “RAINHA DO RIO”.
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