AS VIAGENS DE SÃO PEDRO
(Clerisvaldo B. Chagas. 12.11.2009)
Ainda no tempo de adolescente, ouvi uma narrativa que, se foi escrita não conheço o autor. A narrativa dizia que São Pedro dirigiu-se a Deus e disse que havia batido certa saudade da Terra. Pediu para passar uns três dias por aqui como uma espécie de folga. Deus ouviu as razões de São Pedro, requisitou outro santo para a portaria e entregou o passaporte ao seu funcionário. São Pedro desceu satisfeito e começou a passear na Terra. O tempo estava bom; fartura em todos os lugares; povo de barriga cheia e festas eram o que mais havia. São Pedro empolgou-se e foi gostando tanto que quando se lembrou do céu estava dentro dos trinta dias. Ficou preocupado e subiu rapidamente às nuvens. Deus perguntou, então, por que o santo demorou tanto, pois só havia autorizado uma folga de três dias. São Pedro contou as maravilhas da Terra diante de tanta bonança e alegou esquecimento do compromisso. Deus, tocando no ombro do ex-apóstolo, indagou: “E eles falam em mim, Pedro?” São Pedro respondeu: “Não ouvi, não, Senhor. Nem uma só vez”. Deus nada censurou e pediu ao santo que fosse cuidar dos seus afazeres.
Certo tempo após a vinda a Terra, São Pedro foi mais uma vez a Deus com o mesmo argumento. Dessa vez pediu logo os trinta dias com medo de uma falha de memória. Deus consentiu de novo e São Pedro desceu. Surpreendentemente com apenas dois dias, o santo estava de volta ao céu. Deus fingiu admiração e lembrou que o porteiro chegara com muita antecedência do prazo estipulado. Será que Pedro esquecera mais uma vez? Justificando, o viajante argumentou que a Terra estava uma porcaria. Secas, enchentes, terremotos, furacões estavam acontecendo constantemente. Havia muita fome, perseguições, guerras, desabrigados e muitos prantos. A violência era uma infâmia e as nações não se entendiam. Após todo o relatório, Deus perguntou como da primeira vez: “E eles falam em mim, Pedro?” E o santo respondeu meio tristonho: “Ah, Senhor, só é em quem falam. Procissões, cultos, missas, promessas, novenas e todas as formas de pedidos ao Pai Eterno”. O restante da narrativa ficou restrito ao céu porque Deus pediu que não vazassem informações.
Atualmente a poluição vai danificando irremediavelmente o planeta. As geleiras vão derretendo, os oceanos invadindo as terras, as nascentes dos grandes rios desaparecendo, animais e homens morrendo de fome e sede. Surgem mais desertos, mais conflitos e mais desentendimentos entre o gênero humano. Os ventos terríveis varrem os continentes, os maremotos horrendos tremem os mares. Contra todos os tipos de violência não há mais lugar seguro aqui em baixo.
Na verdade, nós estávamos falando mesmo era das excursões de Pedrinho ao nosso planeta. Como perdemos o acesso às informações das alturas, ficamos sem saber qual seria o próximo pedido do nosso querido santo. Se fosse hoje, quanto tempo duraria AS VIAGENS DE SÃO PEDRO?
(Clerisvaldo B. Chagas. 12.11.2009)
Ainda no tempo de adolescente, ouvi uma narrativa que, se foi escrita não conheço o autor. A narrativa dizia que São Pedro dirigiu-se a Deus e disse que havia batido certa saudade da Terra. Pediu para passar uns três dias por aqui como uma espécie de folga. Deus ouviu as razões de São Pedro, requisitou outro santo para a portaria e entregou o passaporte ao seu funcionário. São Pedro desceu satisfeito e começou a passear na Terra. O tempo estava bom; fartura em todos os lugares; povo de barriga cheia e festas eram o que mais havia. São Pedro empolgou-se e foi gostando tanto que quando se lembrou do céu estava dentro dos trinta dias. Ficou preocupado e subiu rapidamente às nuvens. Deus perguntou, então, por que o santo demorou tanto, pois só havia autorizado uma folga de três dias. São Pedro contou as maravilhas da Terra diante de tanta bonança e alegou esquecimento do compromisso. Deus, tocando no ombro do ex-apóstolo, indagou: “E eles falam em mim, Pedro?” São Pedro respondeu: “Não ouvi, não, Senhor. Nem uma só vez”. Deus nada censurou e pediu ao santo que fosse cuidar dos seus afazeres.
Certo tempo após a vinda a Terra, São Pedro foi mais uma vez a Deus com o mesmo argumento. Dessa vez pediu logo os trinta dias com medo de uma falha de memória. Deus consentiu de novo e São Pedro desceu. Surpreendentemente com apenas dois dias, o santo estava de volta ao céu. Deus fingiu admiração e lembrou que o porteiro chegara com muita antecedência do prazo estipulado. Será que Pedro esquecera mais uma vez? Justificando, o viajante argumentou que a Terra estava uma porcaria. Secas, enchentes, terremotos, furacões estavam acontecendo constantemente. Havia muita fome, perseguições, guerras, desabrigados e muitos prantos. A violência era uma infâmia e as nações não se entendiam. Após todo o relatório, Deus perguntou como da primeira vez: “E eles falam em mim, Pedro?” E o santo respondeu meio tristonho: “Ah, Senhor, só é em quem falam. Procissões, cultos, missas, promessas, novenas e todas as formas de pedidos ao Pai Eterno”. O restante da narrativa ficou restrito ao céu porque Deus pediu que não vazassem informações.
Atualmente a poluição vai danificando irremediavelmente o planeta. As geleiras vão derretendo, os oceanos invadindo as terras, as nascentes dos grandes rios desaparecendo, animais e homens morrendo de fome e sede. Surgem mais desertos, mais conflitos e mais desentendimentos entre o gênero humano. Os ventos terríveis varrem os continentes, os maremotos horrendos tremem os mares. Contra todos os tipos de violência não há mais lugar seguro aqui em baixo.
Na verdade, nós estávamos falando mesmo era das excursões de Pedrinho ao nosso planeta. Como perdemos o acesso às informações das alturas, ficamos sem saber qual seria o próximo pedido do nosso querido santo. Se fosse hoje, quanto tempo duraria AS VIAGENS DE SÃO PEDRO?
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