CABEÇAS RAPADAS
(Clerisvaldo B. Chagas. 16.11.2009)
Ainda nas décadas 50-1960 no interior, havia uma coisa no mínimo curiosa. O indivíduo preso como ladrão, além de apanhar bastante de cacete e bimba-de-boi, tinha a cabeça rapada. Feito isso, era amarrado com uma corda e, sem camisa, desfilava a pé nas ruas da cidade. Um soldado atrás segurava a corda com ordens para que o preso gritasse a frase: “Eu sou ladrão!” Às vezes colocavam também um cartaz no prisioneiro com a mesma frase. Essa atitude bizarra e humilhante fazia com que as famílias saíssem às portas e janelas. A sociedade ficava revoltada com esse ato infame que representava a força da truculência às vistas de adultos e crianças. Ninguém nunca ouviu dizer que um daqueles ladrões tivesse se regenerado. Apenas depois de solto deixava à cidade e passava a fazer a mesma coisa em núcleos vizinhos. Estamos falando sobre ladrões comuns: os descuidistas e os arrombadores.
O sistema carcerário do Brasil continua sendo uma vergonha. Cadeias e presídios ainda se assemelham às masmorras medievais. Todo mundo quer ver o errado pagando suas culpas. Para que castigo maior de que ficar isolado do convívio social durante trinta anos, por exemplo. Metade de uma vida. Mesmo assim, além da pena, somam-se o abandono, à tortura e tantas coisas indecentes que somente um documentário sério pode revelar. A sociedade quer os marginais atrás das grades, principalmente os que são chamados monstros. Muitos desejam e pedem a pena de morte. Isso acontece porque muitos desses monstros são postos na rua em pouco tempo. As leis brandas com as habilidades dos advogados e até mesmo somadas ao juiz corrupto permitem a impunidade, uma forte tapa social. Famílias equilibradas não querem vingança, clamam apenas por justiça. Mas, em não havendo justiça como fica o quadro dos envolvidos? E quando não há impunidade, existem os depósitos de se jogar pessoas, muitos dos quais concorrem com o inferno.
O povo brasileiro já não aguenta o amontoado de escândalos que alimenta o noticiário do País. Leis mais rígidas, menos corrupção e prisões onde o encarcerado tenha seus direitos garantidos é o que estamos a precisar. Se os de fora se igualam aos de dentro, isto é, dente por dente, então, onde está o mérito dos de fora? Hoje continuamos apenas a barbárie dos reis tiranos da Europa antiga. Afinal, ninguém é isento de erros. Ninguém! Ninguém mesmo atira a primeira pedra. E se fosse para rapar a cabeça de quem erra, o Brasil iria virar um verdadeiro oceano de CABEÇAS RAPADAS.
(Clerisvaldo B. Chagas. 16.11.2009)
Ainda nas décadas 50-1960 no interior, havia uma coisa no mínimo curiosa. O indivíduo preso como ladrão, além de apanhar bastante de cacete e bimba-de-boi, tinha a cabeça rapada. Feito isso, era amarrado com uma corda e, sem camisa, desfilava a pé nas ruas da cidade. Um soldado atrás segurava a corda com ordens para que o preso gritasse a frase: “Eu sou ladrão!” Às vezes colocavam também um cartaz no prisioneiro com a mesma frase. Essa atitude bizarra e humilhante fazia com que as famílias saíssem às portas e janelas. A sociedade ficava revoltada com esse ato infame que representava a força da truculência às vistas de adultos e crianças. Ninguém nunca ouviu dizer que um daqueles ladrões tivesse se regenerado. Apenas depois de solto deixava à cidade e passava a fazer a mesma coisa em núcleos vizinhos. Estamos falando sobre ladrões comuns: os descuidistas e os arrombadores.
O sistema carcerário do Brasil continua sendo uma vergonha. Cadeias e presídios ainda se assemelham às masmorras medievais. Todo mundo quer ver o errado pagando suas culpas. Para que castigo maior de que ficar isolado do convívio social durante trinta anos, por exemplo. Metade de uma vida. Mesmo assim, além da pena, somam-se o abandono, à tortura e tantas coisas indecentes que somente um documentário sério pode revelar. A sociedade quer os marginais atrás das grades, principalmente os que são chamados monstros. Muitos desejam e pedem a pena de morte. Isso acontece porque muitos desses monstros são postos na rua em pouco tempo. As leis brandas com as habilidades dos advogados e até mesmo somadas ao juiz corrupto permitem a impunidade, uma forte tapa social. Famílias equilibradas não querem vingança, clamam apenas por justiça. Mas, em não havendo justiça como fica o quadro dos envolvidos? E quando não há impunidade, existem os depósitos de se jogar pessoas, muitos dos quais concorrem com o inferno.
O povo brasileiro já não aguenta o amontoado de escândalos que alimenta o noticiário do País. Leis mais rígidas, menos corrupção e prisões onde o encarcerado tenha seus direitos garantidos é o que estamos a precisar. Se os de fora se igualam aos de dentro, isto é, dente por dente, então, onde está o mérito dos de fora? Hoje continuamos apenas a barbárie dos reis tiranos da Europa antiga. Afinal, ninguém é isento de erros. Ninguém! Ninguém mesmo atira a primeira pedra. E se fosse para rapar a cabeça de quem erra, o Brasil iria virar um verdadeiro oceano de CABEÇAS RAPADAS.
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