A CORNETA DE CORISCO
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de maio de 2012.
Crônica nº 784
Em uma das vezes em que o automóvel da firma Alves de Brito, transitava
entre Santana do Ipanema e Mata Grande, Alagoas, Corisco estava acampado nas
proximidades da estrada. Lá vem, lá vem a “baratinha”, chiando, chiando com
seus ruídos característicos de carro novo, cortando as caatingas povoadas de
xiquexiques, facheiros e mandacarus. Por coincidência, bem perto de onde o
cangaceiro achava-se acampado, o motorista lascou o berro da buzina assustando
mocós, preás e passarinhos que estivessem por ali. Corisco também se assustou
pensando ser o toque de corneta em ataque dos “macacos”. Recuperado do susto,
mandou um coiteiro sondar o ambiente. Descoberta a verdade, Corisco virou uma
fera no desejo doido de pegar o motorista, pois achava que ele tinha feito
aquilo de propósito. Queria capá-lo e tocar fogo no veículo vermelho para
servir de lição a outros desavisados. Como algumas pessoas têm sorte na vida,
um coiteiro correu a avisar o motorista que era um conhecido seu. O motorista
quase morre com a surpresa e ficou apavorado sem saber o que fizesse. Estava
marcado para a capação e outros prejuízos de periferia. Ainda branco de susto a
vítima assinalada correu para o Recife, levando o caso para os patrões e ficou
aguardando o que fazer.
Os
portugueses
da Alves de Brito contrariaram as piadas contadas sobre os patrícios.
Simplesmente substituíram a excomungada barata vermelha por um auto de outra
marca, meteram uma buzina convencional e, pronto. O representante da firma
continuou a viajar sem susto novamente pelos velhos sertões alagoanos. No
resto, mandaram Corisco papocar as costas na casa da peste! Acabou-se A CORNETA
DE CORISCO.
(Adaptado de Valdemar de Souza Lima).
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