segunda-feira, 28 de maio de 2012

OS BOIZINHOS DO NORDESTE




OS BOIZINHOS DO NORDESTE
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de maio de 2012.
Crônica nº 783

 Estudando coronéis, beatos, fazendeiros, vemos que a luta contra os franceses, fez com os portugueses se estabelecessem em alguns pontos do litoral nordestino. Desses pontos os portugueses chegaram ao Pará em 1616. Segundo os estudiosos, nessa época, os interiores da Amazônia e do Nordeste, praticamente, continuavam despovoados. E quando falamos em despovoamento, claro que estamos nos referindo ao homem branco. Somente a partir de meados do século XVII é que teve início de fato a ocupação do interior nordestino motivada pela criação de gado, e da Amazônia por causa dos interesses sobre os produtos da pesca e da imensa floresta. Se falarmos sobre a pecuária nordestina do interior, pode-se dizer que recebeu a influência de duas frentes importantes, uma vinda da Bahia e outra de Pernambuco. Da Bahia as fazendas de gado chegaram ao rio São Francisco já em meados do século XVII. Nesse ponto as fazendas se bifurcaram. Umas fazendas foram para o sul, rio acima, onde alcançaram maior desenvolvimento a partir do princípio do século XVIII, quando o povoamento das minas aumentou a procura de carne. Outras seguiram atravessando o rio em direção ao norte, iniciando a ocupação do estado do Piauí, no final do século XVII. As condições encontradas nessa região foram favoráveis ao desenvolvimento pastoril. Daí as fazendas se expandiram para o Maranhão e Ceará onde alcançaram as que tinham ultrapassado a Paraíba e o Rio Grande do Norte, oriundas de Pernambuco.
           É muito interessante entendermos esse povoamento do interior nordestino pelo boi e pelo homem, para irmos situando o desenrolar da riquíssima cultura longe do mar. Mesmo assim, a expansão das fazendas de gado sempre demonstrou baixa densidade populacional, pois a atividade não exigia muita mão de obra. Nas épocas do povoamento e expansões, praticamente apenas a fazenda de gado predominava, pois até a lavoura era praticada em forma de roças para abastecer as fazendas e quando muito às aldeias, arruados e povoados que surgiam. O comércio não tinha ainda importância tão forte naquele tempo. Geralmente as fixações das fazendas aconteciam onde mandavam os grandes rios perenes como o São Francisco e o Parnaíba. Depois, houve o deslocamento para outros interiores, sempre baseado nas proximidades de água por perto como as chamadas ribeiras, afluentes periódicos dos dois maiores acima. Após, sempre que podiam, os criadores instalavam suas sedes às margens de subafluentes, mesmo sabendo das limitações dessas ribeiras.
          Nessa região conquistada pelo gado, nasceram crenças, lendas, mitos, coronéis, cangaceiros, fanáticos, beatos, jagunços, rixas de família, folclore, tradições... Pedaço de chão que virou reino de valentia, seca e miséria durante séculos. O território ainda continua produzindo estranhas, belas e inesgotáveis histórias coloridas. Tudo emparelhado com OS BOIZINHOS DO NORDESTE.


Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2012/05/os-boizinhos-do-nordeste.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário