O JEITO
É RECORDAR
Clerisvaldo B.
Chagas, 30 de julho de 2019
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.153
NEUBENS MARIANO. (FOTO: B. CHAGAS). |
Ninguém
pode viver só do presente porque o passado não é esquecido. Memória é
computador e de vez em quando vai ao fundo do baú rever os seus arquivos. Pois
estava pensando no lá longe, quando recebo a prazerosa visita do velho amigo
Neubens Mariano de Oliveira, cabra bom das bandas do povoado Pedra d’Agua dos
Alexandre e radicado em Rio Branco, Acre e depois em Maceió. Servidor público
federal, analista judiciário, ex-professor por mais de 35 anos, Mariano voou
alto, ao deixar a Pedra d’Água. Fã do nosso intelecto veio visitar o amigo e adquirir
o nosso último livro publicado, o “230”, para sair lendo no avião daqui a
Paris, segundo ele. Botando a conversa em dia nem deu para falarmos dos tempos
de Admissão ao Ginásio.
Na calçada alta da ponte Cônego Bulhões,
lutávamos montados nos livros para chegarmos no hoje. Lembramo-nos do Neubens,
do Serra Negra, do Arquimedes, Vera e o irmão Demóstenes Bulhões, Edson
Caveirão, do Zé Vieira e do Galego Bigula; tipos diferentes convivendo na
Escolinha de Dona Helena Oliveira, esposa do funcionário público e músico,
Celestino Chagas. Não havia ainda a ponte sobre o rio Ipanema. Da calçada alta
dava para avistar parcialmente o Poço do Juá e seus bravios canoeiros. Defronte
à escola, do outro lado da rua, ficava a padaria do agradável senhor Álvaro Granja
e... Um pão quentinho era sempre bem vindo às escapadas da escola. Ao lado
esquerdo, a casa do senhor Luís Lira e acima o tradicional Foto Santo Antônio.
Tempo
difícil para estudo. Após a quarta série, só prosseguia com a quinta, se conseguisse
passar no Admissão ao Ginásio, única opção. Após umas pauladas nas tentativas,
chegamos lá, mas muitos colegas abandonaram os estudos pelos mais diferentes
motivos. Neubens desapareceu e foi bater no Acre onde a vida abriu os seus
caminhos. Hoje vive na Jatiúca, bairro nobre de Maceió, onde sempre está em
contato com antigos colegas santanenses.
Por
onde andarão os da escolinha?
Ninguém
vive do passado, mas recordar é viver, rindo ou chorando não se rompe o liame.
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