RIBEIRA DO PANEMA
Clerisvaldo
B. Chagas, 8 de julho de 2019
Escritor Símbolo do
Sertão Alagoano
Em 1977, o grande
escritor palmeirense deixava escrito como prefácio no primeiro romance de
Clerisvaldo Braga das Chagas:
Os vários aspectos da
vida nordestina, principalmente aqueles vividos pela população interiorana,
formam um celeiro inesgotável de material para romancista e, sobretudo, de
subsídios inestimáveis para estudiosos de sociologia. Embora muito já se tenha
escrito a respeito, há lacunas a serem preenchidas. Muita coisa por escrever
ainda.
Se é verdade que um
Graciliano Ramos, um José Lins do Rego, ou mesmo um José Américo de Almeida,
luminares da literatura nacional, publicaram vários livros sobre o assunto,
isto, porém, não impedem que outros possam fazê-lo. Não se pode encerrar a vida
sertaneja entre as capas de cinco ou seis livros apenas. Estar sobrando
material ainda. Material inédito, capaz de encher muitos e muitos volumes, sem
dúvida alguma. Aqueles escritores não esgotaram a fonte, ela está praticamente
virgem e jorrando aos borbotões.
Não está saturada a
temática sertaneja. Dizer o contrário é desconhecer a visão panorâmica de uma
região que abriga cerca de trinta milhões de brasileiros. Uma cidade, um
povoado, ou um lugarejo, podem ter pontos coincidentes, mas cada um possui uma
particularidade inconfundível, com histórias próprias e facetas distintas.
Clerisvaldo Braga das
Chagas, santanense de 29 anos, terceiranista de Estudos Sociais, está estreando
com o romance Ribeira do Panema. Como Agente de Coleta do IBGE, profissão que o
obriga a comunicar-se com pessoas e a inteirar-se de situações, armazenou boas
estórias e tipos humanos, que agora os enfeixou num romance de grande estilo.
Basta dizer que o li, do começo ao fim, sem largá-lo, fascinado pelo enredo
atraente e empolgado pela fidelidade com que abordou aspectos sociais do
sertão.
Há de tudo no seu
livro: política, sexo, folclore, sangue, desmandos e traições. Há doçura e
maldade. É agressivo e romântico. Quando cheguei à última página fiquei
lamentando que o livro não se prolongasse mais. É muito bom por isso. É preferível se deixar o leitor na ansiedade
de desejar ler mais, do que se escrever demais.
Clerisvaldo Braga das
Chagas atrairá muitos leitores para o seu romance de estreia. Santana do
Ipanema e o Estado de Alagoas serão revolucionados. Muita gente irá pretender
identificar, através de suas páginas, um ex-prefeito, um político, um coronel,
um grandola enfim, personagens muito bem diluídos na urdidura, do romance. Será motivo de assunto para os encontros nos
bares, conversas de calçada e também da porta da igreja. É gostoso, por que a
carapuça irá ajustar-se à cabeça de muita gente. Não há mal nenhum nisto. A
vida dos homens públicos pertence à história. Seus atos refletem-se na vida
inteira de uma comunidade.
Da próxima vez que eu
visitar Santana do Ipanema, procurarei conhecer os lugares citados por
Clerisvaldo. Será um roteiro turístico que gostarei de palmilhar, sob o embalo
das coisas gostosas que ele escreveu: a casa da amante do prefeito Maximino, a
Rua do Sebo, o Poço dos Homens, e os demais recantos apresentados na Ribeira do
Panema. Sentar-me-ei nas areias do “Rio Manhoso”, sem água, no verão, mas
“arrotando valentia” e aliciando todos os “riachos para o seu cordão”, durante
o inverno.
RIBEIRA DO PANEMA é
um livro fadado ao sucesso, e seu autor iniciou muito bem sua carreira
literária.
Luiz B. Torres
Obs. Todos os livros do autor estão à disposição de
pesquisas na Biblioteca da Escola Estadual profa. Helena Braga das
Chagas, no Bairro São José, Santana do Ipanema.
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http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2019/07/ribeira-do-panema.html
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