quarta-feira, 10 de julho de 2019

SERTÃO INVERNOU


SERTÃO INVERNOU
Clerisvaldo B. Chagas, 10/11 de julho de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.143

FEIRA LIVRE COM CHUVA, EM SAN. DO IPANEMA (FOTO: B. CHAGAS).
Sertão alagoano invernou mesmo, compadre. Pelo menos em Santana do Ipanema, ontem, fechou o tempo. Quarta – a segunda opção de feira livre nesta cidade – movimento enorme no trânsito, sem brecha nenhuma para estacionamento. Não existe na urbe estacionamento particular, pois essa moda ainda não chegou por aqui. Principalmente no primeiro horário, vans de mais de 40 cidades do Sertão, Alto sertão, Sertão do São Francisco e mesmo de Sergipe e Pernambuco despejam passageiros no Comércio santanense. Comércio e inúmeras ruas ficam lotados de veículos e de motoristas agoniados por uma vaguinha no centro e adjacências. Difícil mesmo é driblar o apito do guarda e escapar de multa enjoada que mexe com o bolso.
Esse movimento humano visa o Comércio que virou um titã (o primeiro mais belo e o segundo mais pujante do interior). Também busca a prestação de serviços bancários, estudantis e tantas e tantas outras coisas. Somente a partir das 11 horas é que as vans retornam aos lugares de origem, mesmo assim a cidade não para o dinâmico movimento no turno vespertino. Foi com essa agitação toda que as diversas fases da chuva encurralaram feirantes e usuários das bancas de mercadorias. A feira livre principal do município é realizada aos sábados, mas quando a chuva se impõe, cidadão, não tem dia escolhido para o corre-corre. Só se vê donos de bancas estufando os tetos de lonas com um pau, fazendo cachoeira e molhando pernas de clientes.
Mês de julho é mês chuvoso, comadre. Mês da padroeira que abençoa o território. Intercalando entre chuva mansa, rompantes de “torós” e parte ensolarada, o Sertão vai sendo tangido pelo otimismo e orações fervorosas pela bonança. As madrugadas trazem um “frio de matar sapo” e, como dizia minha sogra Ana Maria, “tá caindo gelo”. Cadê coragem para abrir a janela no meio da noite e espiar o tempo. O cabra apela para o celular com intuito de vê a temperatura, mas encontra apenas aquela marca padrão, seca, sem detalhe, que não tira a roupa. Ô graus mentirosos da gota serena!
Lá vem a chuva gente!
O gato e nós na beira do fogão... Rrrsss.
                                                                                                


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