domingo, 7 de julho de 2019

RIBEIRA DO PANEMA


RIBEIRA DO PANEMA
Clerisvaldo B. Chagas, 8 de julho de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.141
(FOTO: B. CHAGAS).

Em 1977, o grande escritor palmeirense deixava escrito como prefácio no primeiro romance de Clerisvaldo Braga das Chagas:
Os vários aspectos da vida nordestina, principalmente aqueles vividos pela população interiorana, formam um celeiro inesgotável de material para romancista e, sobretudo, de subsídios inestimáveis para estudiosos de sociologia. Embora muito já se tenha escrito a respeito, há lacunas a serem preenchidas. Muita coisa por escrever ainda.
Se é verdade que um Graciliano Ramos, um José Lins do Rego, ou mesmo um José Américo de Almeida, luminares da literatura nacional, publicaram vários livros sobre o assunto, isto, porém, não impedem que outros possam fazê-lo. Não se pode encerrar a vida sertaneja entre as capas de cinco ou seis livros apenas. Estar sobrando material ainda. Material inédito, capaz de encher muitos e muitos volumes, sem dúvida alguma. Aqueles escritores não esgotaram a fonte, ela está praticamente virgem e jorrando aos borbotões.
Não está saturada a temática sertaneja. Dizer o contrário é desconhecer a visão panorâmica de uma região que abriga cerca de trinta milhões de brasileiros. Uma cidade, um povoado, ou um lugarejo, podem ter pontos coincidentes, mas cada um possui uma particularidade inconfundível, com histórias próprias e facetas distintas.
Clerisvaldo Braga das Chagas, santanense de 29 anos, terceiranista de Estudos Sociais, está estreando com o romance Ribeira do Panema. Como Agente de Coleta do IBGE, profissão que o obriga a comunicar-se com pessoas e a inteirar-se de situações, armazenou boas estórias e tipos humanos, que agora os enfeixou num romance de grande estilo. Basta dizer que o li, do começo ao fim, sem largá-lo, fascinado pelo enredo atraente e empolgado pela fidelidade com que abordou aspectos sociais do sertão.
Há de tudo no seu livro: política, sexo, folclore, sangue, desmandos e traições. Há doçura e maldade. É agressivo e romântico. Quando cheguei à última página fiquei lamentando que o livro não se prolongasse mais. É muito bom por isso.  É preferível se deixar o leitor na ansiedade de desejar ler mais, do que se escrever demais.
Clerisvaldo Braga das Chagas atrairá muitos leitores para o seu romance de estreia. Santana do Ipanema e o Estado de Alagoas serão revolucionados. Muita gente irá pretender identificar, através de suas páginas, um ex-prefeito, um político, um coronel, um grandola enfim, personagens muito bem diluídos na urdidura, do romance.  Será motivo de assunto para os encontros nos bares, conversas de calçada e também da porta da igreja. É gostoso, por que a carapuça irá ajustar-se à cabeça de muita gente. Não há mal nenhum nisto. A vida dos homens públicos pertence à história. Seus atos refletem-se na vida inteira de uma comunidade.
Da próxima vez que eu visitar Santana do Ipanema, procurarei conhecer os lugares citados por Clerisvaldo. Será um roteiro turístico que gostarei de palmilhar, sob o embalo das coisas gostosas que ele escreveu: a casa da amante do prefeito Maximino, a Rua do Sebo, o Poço dos Homens, e os demais recantos apresentados na Ribeira do Panema. Sentar-me-ei nas areias do “Rio Manhoso”, sem água, no verão, mas “arrotando valentia” e aliciando todos os “riachos para o seu cordão”, durante o inverno.
RIBEIRA DO PANEMA é um livro fadado ao sucesso, e seu autor iniciou muito bem sua carreira literária.

Luiz B. Torres

Obs. Todos os livros do autor estão à disposição de pesquisas na Biblioteca da Escola Estadual profa. Helena Braga das Chagas, no Bairro São José, Santana do Ipanema.

  










                                                                                                               

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