domingo, 1 de setembro de 2019

QUANDO CHEGAR A PRIMAVERA


QUANDO CHEGAR A PRIMAVERA
PARA POETAS, ESCRITORES E POVO SANTANENSE
Clerisvaldo B. Chagas, 2 de setembro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.174

CANTO DA POESIA. (FOTO: B. CHAGAS).
O mês de setembro inicia com a capital em dia agradabilíssimo, com as últimas tamboeiras do inverno. Bate a saudade do meu sertão e lá vai o homem guiado pelo canto do bem-te-vi urbano. Para que aguardar o dia 23, a primavera geral e das orquídeas, jasmins, violetas, hortênsias, margaridas e crisântemos? E o  passante indaga quem é aquele. O interrogado parece ter certeza no que afirma: “não é um poeta fotografando o belo!”. De fato vamos percorrendo os recantos e enchendo a alma com as margaridas dos terrenos baldios. Os pássaros Sibites, anunciadores da tardinha sumiram, mas o bem-te-vi ainda sobrevoa as corolas orvalhadas. Nem os roncos excessivos dos veículos retiram as belezas invejáveis dos jardins.
E vamos caminhando de brincadeira mental pelas margens do nosso rio interiorano. Pelos troncos marrons dos mulungus; distanciando das flores brancas, compridas e rendadas da unha-de-gato; sentindo o perfume gostoso do velame; deslizando as mãos nas folhas verdes e escuras das carrapateiras, espiando os flexíveis marmeleiros; testemunhando o baixar das águas de fim de estação. Céu branco/céu azul, pássaros canoros denunciando os passantes. Chouto de raposa na apertada trilha; corrida nervosa de preás e muitos sonhos derramados no verde aquático do poço Escondidinho. Tufo giz de nuvens passageiras ajuda os desenhos na tela da Natura.
Quanta beleza!
Sonho sonhado, sonho vivido, volta-se à realidade citadina. Descarta-se a ferocidade do cinza, do cimento, do concreto, porque toda esquina tem poesia, tem quimera, tem idílio, amor terno e delicado. Abrem-se as janelas, o divino compõe nas brisas que arejam o âmago. Mas falta a moça. A moça formosa e pensativa no peitoral da moldura. Quem sabe se a ausência feminina não é a alma da estrofe esvanecida! Vendo coisas, sentindo coisas, escrevendo coisas, lá vai o humano enlevado planando nos colóquios misteriosos.
-- Bom dia, cidadão, precisando de ajuda?
-- Ah... Sim, sim... Com desembarcar dessa Nave Espacial?
QUANDO VIER A PRIMAVERA.









        




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