1938
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de julho de 2020
Escritor Símbolo do sertão Alagoano
Crônica: 2.355
IGREJINHA E QUARTEL DE POLÍCIA, ANOS 40. (FOTO: LIVRO 230, DOMÍNIO PÚBLICO) |
No dia 28 de julho de 1938, chegava a Santana
do Ipanema, proveniente da cidade de Palmeira dos Índios, o interventor
intendente para tomar conta da prefeitura local. Seria apenas uma substituição
de rotina, com recepção morna, indiferente. Mas, nesse mesmo dia, o major
Lucena Maranhão que estava almoçando com o novo interventor, recebeu um
telegrama afirmando que naquela madrugada três volantes alagoanas surpreenderam
e mataram onze cangaceiros na Grota de Angicos, em Sergipe. Lucena chorou
emocionado, a notícia correu mundo: Mataram Lampião!!! Mataram Lampião!... A
festa preguiçosa do interventor rapidamente transformou-se em euforia. Povo nas
ruas, bebendo, pulando, discursando... Numa confraternização prolongada e quase
eterna.
Chegaram rapidamente multidões de Alagoas e de
vários estados do Brasil, repórteres até mesmo do estado do Rio de Janeiro.
Quando as cabeças dos onze cangaceiros mortos chegaram a Santana – inclusive a
de Lampião e Maria Bonita – houve discursos, fechamento do comércio, desfile de
cabeças e apetrechos apreendidos, em caminhões. O novo interventor chegara com
o pé direito. As cabeças dos mortos foram exibidas em latas de querosene,
puxadas pelos cabelos. Porém, na segunda fase, foram organizadas em um lençol
branco estendido nos degraus da igrejinha de Nossa Senhora da Assunção,
defronte o Quartel. Fotos entrevistas, discursos e bebidas minavam em Santana
do Ipanema. Tudo só voltou ao quase normal, quando as cabeças foram
transportadas para Maceió, via Palmeira dos Índios.
O interventor Pedro Gaia, assumiu o cargo, fez
a primeira reforma da prefeitura e, entre outras coisas, abriu a estrada
Santana do Ipanema – Águas Belas, Pernambuco, no roteiro Poço Salgado,
Camoxinga dos Teodósio, Pinhãozeiro, zona rural do município em foco. Sua
gestão durou apenas um ano, quando Pedro Gaia retornou a Palmeira dos índios.
Depois, o Batalhão de Polícia retornou a Maceió
deixando o prédio ocioso e que foi transformado em escola com o nome de Ginásio
Santana. A igrejinha de Nossa Senhora Assunção, monumento de passagem do século
XIX para o século XX, continua impassível e imponente na praça que tantas vezes
mudou de nome.
Falta a história de Santana no currículos
escolares.
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