quarta-feira, 22 de julho de 2020

LUTA DE LEÃO, PARABÉNS OLIVENÇA


LUTA DE LEÃO
PARABÉNS OLIVENÇA
Clerisvaldo B. Chagas, 23 de julho de 2020
Crônica; 2.351

DESFILE RUDIMENTAR EM OLIVENÇA (FOTO: SERTÃO 24 HORAS).
Batalha renhida de quatro anos para atingir o canudo da Geografia Plena. Cada ano um drama que, se contado em livro causaria muita emoção ao leitor. Mas, para chegar ao objetivo do título acima, basta a narrativa do ano final de licenciatura curta.
Rodando para Arapiraca pelo terceiro ano seguido, houve até uma amenização sobre os dois primeiros. Juntamente com as colegas professoras Elza Soares, Neide Damasceno e seu esposo Renan, como proprietário e motorista do veículo, partíamos de Santana do Ipanema ao entardecer e retornávamos às madrugadas.
Na faculdade cada qual estudava em classes diferentes. Como sempre fui um Ás em Geografia, os mestres não me deixavam sair antes da última aula para acompanhar mais cedo os colegas viajantes, de saída. Ficava ali ouvindo os professores: juiz Dr. Barreto ou o professor Rildo; ambos de Geografia, que somente faziam a chamada após o término das aulas. Lutando pela presença não tinha como escapar. Eram ótimos. Mas muita coisa eu já sabia. Castigo pelo destaque em mais de 50 colegas.
Ao deixarmos o prédio da faculdade após às 23 horas, íamos comer uma galinha assada e apimentada, com farofa nos bancos de praça da rodoviária, igualmente aos sem-tetos. A professora Elza Soares descobrira uma senhora que vendia àquela delícia e passara a ser cliente. Tudo esquisito na praça, apenas nós matando a fome com a “penosa”. Barrigas cheias, hora de retornar a Santana. Muitas vezes era mais de meia-noite e partíamos pela estrada deserta.  Chegando em Batalha teríamos de continuar por Olho d’Água das Flores. Então, para cortamos caminho, entrávamos por estrada de terra vicinal, péssima, daquelas capazes de quebrar os ossos com tantos catabius (raramente estava em condições de tráfego) e chegando em Olivença, novamente retornávamos ao asfalto. Ao chegar à terrinha era sempre madrugada.
Eu seguia pensando pela estrada de terra, se algum dia um dirigente iria enxergar aquele atalho Olivença - Batalha e providenciar asfalto para encurtar distância até Arapiraca. Terminei meu Curso e parti para novo roteiro de Geografia Plena em Arco Verde, Pernambuco. Também daria um livro essa luta leonina para o topo, mas aí é outra história. Os caminhos de terra de Olivença ficaram esquecidos até o atual momento, quando vejo com surpresa e regozijo que o governador iniciará por esses dias a estrada moderna Olivença – Batalha, nosso sofrido roteiro de tantas ansiedades pelas noites quentes ou geladas nas trevas do Sertão.
PARABÉNS OLIVENÇA! Talvez o asfalto não sirva mais para mim, mas ficará eterno para o conforto de milhares e milhares de sertanejos ou não. Sonho a ser realizado hoje, do futuro de outrora.
Bem dizem os mais velhos: Tudo tem o seu dia.
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