LOUVANDO
A RAPADURA
Clerisvaldo
B. Chagas, 6 de junho de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.899
Você
gosta de rapadura? Rapadura fabricada da cana-de-açúcar e vendida nas bancas de
feira do interior nordestino? Pois saiba que a rapadura é originária do século
XVI, fabricada inicialmente nas ilhas Canárias, de domínio espanhol. Nesse
mesmo século a rapadura começou a ser fabricada nos primeiros engenhos do
Brasil e, inclusive, era alimentação dos escravos. A rapadura foi formada para
transportar o açúcar em pequena quantidade para as pessoas, pois o açúcar
granulado tinha problema de transporte, na época. Sua forma é de tijolo com
muita facilidade para ser transportada, além do seu sabor gostoso de açúcar
mascavo. Já foi muita vendida embalada em palha de bananeira, mas atualmente já
se encontra em supermercados com embalagens modernas e cortadas em pedaços
menores.
A
rapadura é feita da moagem da cana, cujo caldo é cozinhado até determinado
ponto, peneirado, colocado em formas e esfriado; ocasião em que se pode se acrescentar
amendoim, coco, mamão ou abóbora para variar o sabor original. Todas as fases
do fabrico, desde a escolha da cana, merecem atenção com vários detalhes em
cada uma delas para que se obtenha um produto de boa aparência e qualidade.
Os
primeiros engenhos de cana-de-açúcar impulsionaram a economia de Alagoas e
proliferavam entre Penedo e a zona da Mata. Esporadicamente, no Sertão, havia
engenhos rapadureiros em algumas localidades altas que favoreciam o plantio dessa
gramínea, Em Mata Grande, mesmo, maciço do Sertão, havia seus engenhos de
rapaduras que exportavam para diversos lugares, em caçambas de burros cargueiros
A
rapadura contém ferro e vitaminas do Complexo B, além de cálcio e fósforo. Por
tudo isso, previne anemias, melhora o sistema nervoso, previne cãibras e
osteoporose. Fazia parte da alimentação básica de cangaceiros e forças volantes,
consumida com farinha. Lampião gostava de assaltar os almocreves de rapaduras.
A Alemanha já comprou rapadura do Nordeste para as crianças das escolas de lá,
contra anemia. O nosso café da zona rural era adoçado com rapadura, mas ainda
existe essa prática sadia e saborosa. E por fim, o ditado sertanejo para
situações boas e difíceis: rapadura é doce, mas não é mole não.
RAPADURA,
O DOCE NORDESTINO
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